Retrospectiva 9 anos: versão revista
Quantas versões da mesma estória você é capaz de contar em 30 segundos? Muitas se você estiver sob a tutela, ou escravidão consentida, de um briefing em final de tarde. Poucas, garanto, se livre dessa escravidão você tentar colocar sua própria vida profissional sob a perspectiva e crivo da qualidade e comprometimento.
Então, senhoras e senhores, meninos e meninas, atendimentos e criativos, essa será uma estória contada em apenas quatro cenas. E, em uma versão estendida de 1 minuto, se me permitir o orçamento.
Ela vai da sensação estranha de conhecer um blog representado por um cérebro em um vidro de formol, até constatar orgulhoso que seu editor-chefe agora assumia por completo a cria, lambendo-a e embalando-a em seu escritório recém-montado. Com direito a entrevista bacanuda e tudo!
São cenas que vem e vão, em flashs de Memento Mori, quando tento recontar como o fazer publicitário – e de conteúdo – mudou a minha vida e ele próprio sua função no mercado de comunicação. Começa mais ou menos assim:
Cena 1: falando baixo e pensando alto
“Você deveria fazer um podcast para esses freelas aí”, me disse Merigo em uma das primeiras vezes em que gravamos o Braincast versão raiz, em áudio com microfones ruins.
Não sei se falávamos da morte do jornal ou sobre marketing político, mas desandamos a prever qual seria o futuro do podcast e possíveis modelos de negócio. A partir dali, com os ouvidos atentos e sempre nas cercanias dos projetos do B9, a vontade de montar a própria produtora ao redor de produtos de conteúdo veio forte.
Cena 2: corta para o centro de São Paulo.
Íamos gravar o primeiro podcast ao vivo (do Brasil?) em um evento de mercado e não tínhamos ainda tramado como seria o roteiro. A turma chegara um dia antes e eu – já enrolado com a criação da produtora e ainda dividindo o tempo em agências de conteúdo -, fui tomado por um momento de epifania quando horas depois, vi nós quatro (o melhor quarteto com o qual já trabalhei, mesmo sem ter trabalhado com eles, ou talvez por isso!) saindo de dentro da plateia em meio a um texto meio amalucado, metáfora perfeita para as empresas que tocaríamos anos depois.
Cena 3: trabalhando e colaborando
Em 2009 a minha produtora já engatinhava (como faz até hoje) e Merigo me ligou querendo saber se poderia bolar um projeto de redesenho. O título do post em que relato o processo de recriação do site (“Como mexer em time que está ganhando”) marca bem a minha reação a esse pedido. Por que mudar?
Na filosofia Meriguiana, meus caros, mudar é a única permanência. E sempre para melhor. Outra – e tão boa quanto – reformulação se seguiu, é claro. E outras virão: a cada aniversário o B9 será tão novo quanto as tendências que registra. E, podemos dizer, impermanente e criativo, tem em seu legado esse poder de mudança.
Cena 4: o editor dos cinco posts por dia.
A cena final, o coda desse roteiro quase Spielberguiano (foi mal Fabio!), foi ver mais uma vez Merigo surpreendendo, dando entrevista para veículo especializado para mostrar seu escritório novo.
Ela serve, a cena, para nos ensinar que, a despeito do que grandes movimentos tecntônicos da mídia tradicional tentam provar, as grandes ideias, aquelas revolucionárias, dependem e são tocadas por poucos. Destemidos, determinados, exergando e lançando a bola antes do centro-avante correr, marcam gols que decidem campeonatos.
Só para registro e posteridade: ainda estamos nos 5 minutos do primeiro tempo. E seguimos em vantagem.