Blade Runner, Nexus-6 e o smartphone do Google
Em um intervalo de pouco mais de um mês, dois smartphones com Android se inspiraram em clássicos da ficção científica em busca de seus nomes. Ou pelo menos, um deles declarou isso.
A Motorola pagou a George Lucas pelo direito de chamar seu último gadget de Droid. Mais do que um ato de boa fé, ainda que tudo realizado de forma amigável, a Motorola foi obrigada a fazê-lo, já que Lucas registrou oficialmente a denominação dada aos robôs e mecanóides de “Star Wars”.
O mesmo não aconteceu com a Philip K. Dick e seu personagem Nexus-6, da obra “Do Androids Dream of Electric Sheep?” (“O Caçador de Andróides”, em português), que em 1982 se transformou em “Blade Runner”.
Mesmo assim, a família de Dick cobra do Google uma explicação (e dinheiro) por ter chamado seu smartphone de Nexus One, sem nenhuma consulta prévia ou autorização.
A filha de Philip K. Dick, Isa Dick Hackett, que controla hoje a Electric Shepherd Productions e é responsável pelos licenciamentos da obra do pai, declarou que existe um claro infringimento de propriedade intelectual, e diz que seus advogados já estão tratando do assunto.
Se o Google existisse em 1982, Harrison Ford desistiria de caçar replicantes
O Google não comentou a acusação, mas advogados especializados acham difícil que a família Dick ganhe essa briga. Um personagem em um livro não vira automaticamente uma marca registrada, e a coisa se complica quando se leva em consideração que o termo “nexus” é usado em outros tantos contextos, não derivados da obra de K. Dick.
Porém, Isa Dick propõe um olhar mais profundo na conexão entre os nomes do personagem e do telefone do Google. No livro, o caçador de recompensas Rick Deckard entra em uma missão encarregado de eliminar os andróides denominados Nexus-6. Para ela, só o fato de Nexus One rodar um Google Android já é agravante.
Mas talvez devesse ter usado o argumento de que, na obra de seu pai, os Nexus-6 superaram várias raças humanas em termos de inteligência. E o Google, a Skynet do mundo real, deseja fazer o quê? Dominar o mundo, é claro.
O fim dos Nexus-6 foi melancólico. Que o Google tenha melhor sorte.
| Via WSJ