Depois de promessa ao governo americano, Apple anuncia novo campus de US$ 1 bilhão no Texas
Uma das maiores beneficiárias com as mudanças no código tributário sancionado pelo presidente Donald Trump, Apple prometeu US$ 30 bilhões em investimentos no país
O anúncio de um novo campus da Apple em Austin, Texas, chamou a atenção pelos números envolvidos. Segundo Tim Cook, CEO da empresa, as novas instalações terão um investimento de US$ 1 bilhão e o potencial de gerar 15 mil empregos.
A expansão da empresa vai além e contempla outras cidades americanas como Seattle, San Diego, Culver City, Pittsburgh, Nova York e Boulder. Com isso, a Apple pretende criar milhares de novos empregos pelos próximos três anos.
“A Apple está orgulhosa em trazer novos investimentos, empregos e oportunidades para cidades dos Estados Unidos e para aprofundar significativamente nossa parceria de 25 anos com a cidade e o povo de Austin”, disse Tim Cook em comunicado.
O movimento da empresa coincide com o de outras gigantes da tecnologia, como a Amazon, que dividirá sua segunda sede entre Nova York e Virgínia.
Mas, no caso da Apple, a expansão é mais que “uma tendência”. Primeiro, essa é uma forma da empresa contornar as muitas críticas que tem recebido nos últimos anos por “não fazer o suficiente para a economia americana”, já que a sua grande produção está na China, e a maior parte de seus lucros no exterior para evitar pagar impostos nos Estados Unidos.
Além disso, a Apple foi uma das maiores beneficiárias com as mudanças no código tributário sancionado pelo presidente Donald Trump, em janeiro deste ano. A nova lei reduz justamente os impostos sobre dinheiro vindo do exterior. Com isso, a empresa repatriou cerca de US$ 250 bilhões que tinha fora dos Estados Unidos e pagou uma multa de US$ 38 bilhões ao governo americano, número que seria muito maior sob a legislação tributária anterior – que chegaria a US$ 90 bilhões.
Na época dessa movimentação, a Apple afirmou que investiria mais de US$ 30 bilhões nos Estados Unidos pelos próximos cinco anos, criando cerca de 20 mil empregos com a expansão. Trump, que por diversas vezes criticou a empresa, reagiu à promessa elogiando a Apple, mas voltou a criticá-la em setembro, depois que a empresa informou às autoridades comerciais em uma carta que as tarifas do governo afetariam uma ampla gama de produtos.
Mesmo que o presidente tenha pedido para a empresa fazer “seus produtos nos Estados Unidos em vez da China”, não é exatamente isso que o novo campus no Texas atende. Inicialmente, o espaço abrigará 5 mil trabalhadores em áreas de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, operações, finanças, vendas e suporte ao cliente. Mas o espaço todo terá capacidade para até 15 mil profissionais – e a empresa pretende preencher estes lugares.