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SXSW 2019: A solidão dos hiperconectados, um paradoxo difícil
Palestra das pesquisadoras Dawn Fallik e Julianne Holt-Lunstad no evento mostrou como a solidão da era digital é um dos principais problemas de saúde da atualidade
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Ouvi hoje duas pesquisadoras falarem sobre um assunto que já está caindo de maduro, mas que é muito pouco debatido: o impacto da solidão e do isolamento social na saúde das pessoas – e, mais especificamente, nas gerações mais jovens, como a Z.
Dawn Fallik e Julianne Holt-Lunstad, pesquisadoras da Universidade de Delaware e da Brigham Young University, abordaram o tema por aqui de um forma menos profunda do que eu esperava, mas trazendo perspectivas interessantes sobre a epidemia de solidão que assola 1 em cada 4 americanos, de acordo com uma pesquisa recente da Cigna Insurance.
Ao contrário das expectativas, o que este estudo revelou é que o maior índice de solidão é o do grupo de 18 a 22 anos de idade – a chamada geração Z – a despeito (ou em função) da hiperconectividade que eles vivem diariamente.
As pesquisadoras revelaram que isso acontece por várias razões: a tecnologia decretando o fim do microtédio (que antes gerava oportunidades de conversa), as agendas sobrecarregadas de atividades das crianças e adolescentes que não deixam tempo para brincar em conjunto e a falta de modelos pra aprender a interagir socialmente – os telefones e tablets também impactaram o potencial relacional dos pais destes jovens.
O grande problema é que a solidão traz consequências reais na saúde: inflamações crônicas nunca foram tão endêmicas nas escolas, enquanto hipertensão e obesidade já são consequências comprovadas de solidão por pesquisa. Um estudo conduzido por Holt-Lunstad provou que sentir solidão é tão nocivo à saúde quanto fumar a longo prazo.
No final, as pesquisadoras não trouxeram soluções estruturadas pra resolver esta questão, mas fica claro que precisamos estender a conversa pra garantir uma vida longa e saudável.
Por enquanto, as sugestões delas são tentar sair da caverna devagar, um passinho de cada vez, e procurar cultivar amizades através de encontros frequentes. Mas aposto que daqui a pouco já aparece um app pra ajudar. ;-P