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SXSW 2019: O entrevistador que queria ser o entrevistado
O sucesso de uma palestra no festival não depende apenas da qualidade do convidado, mas também de quem conversa com ele no palco
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A primeira busca que você faz no app do SXSW são as pessoas que você quer ver e ouvir em Austin. Mas devíamos prestar atenção também em quem entrevista aquela pessoa tão legal que a gente quer ver de perto.
Dylan Byers, repórter sênior da NBC News, por exemplo, com ceticismo e arrogância deixou a conversa com Howard Schultz mais dinâmica tentando à todo custo relembrar o ex-CEO do Starbucks sobre suas nulas chances de realmente concorrer à eleição americana.
Nicholas Thompson, editor chefe da Wired que entrevistou o Roger McNamee (ex-mentor do Zuckeberg e que virou um dos maiores críticos do Facebook), perguntou logo de cara se o executivo tinha conta na rede social e se usava os dados pra segmentar audiência e promover a venda do seu livro contra o Facebook. Foi cortante e divertido. Por mim, poderia ganhar uma palestra só pra ele no ano que vem.
Brandi Carlile, cantora que entrevistou Elisabeth Moss, me lembrou quando o Jô Soares tentava usar pessoas no seu programa só pra servir de escada e demonstrar sua própria inteligência e talento.
A esperada entrevista com Neil Gailman, enquanto isso, poderia ter sido muito melhor se Kirsten Vangsness tivesse conseguido conter um pouco o seu encantamento de fã que deixou até o próprio Gailman constrangido.
Briahna Gray, editora de política do The Intercept, por outro lado conduziu com extrema inteligência e generosidade o momento catarse que todos vivemos com Alexandria Ocasio-Cortez no Ballroom D.
O que fazemos no nosso dia a dia é exatamente isso. Uma boa ideia só tem sucesso com uma boa interação entre agência e cliente, entre criativo e marketeiro, quando o talento de um ajuda a melhorar o trabalho do outro. Isso a não ser que você seja a Amy Webb, estrela do Future Institute que segurou sozinha e sem parar para respirar um só segundo uma das palestras com mais conteúdo e mais divertidas que vi no festival.
No mundo de colaboração de hoje, uma estrela que brilha assim sozinha é algo muito raro.