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SXSW 2019: Sustentablidade hedonista, a nova onda do design
Bjarke Ingels e Bruce Mau palestraram no festival sobre a importância de um design que evoque todos os sentidos humanos, seja a área que for
Ontem e hoje vi dois palestrantes incríveis falarem sobre design.
O primeiro, Bjarke Ingels, é um arquiteto mais conhecido por ter participado da série “Abstract”, na Netflix, e por ter desenhado a casa-museu da Lego na Dinamarca. Os projetos de Ingels me lembraram muito os de Zaha Hadid: são construções lindas, que mesclam brilhantemente o geométrico com o orgânico e se integram à paisagem onde estão de forma natural, apesar de serem tão distintos do que estamos acostumados a ver.
Ingels falou de três princípios que guiam seu trabalho:
Sustentabilidade hedonista: Pra ele, a sustentabilidade é o único caminho. Mas ela não deveria vir acompanhada de sacrifícios, mas sim dar pras pessoas sensações e experiências mais intensas e melhores do que um prédio “normal”. Um exemplo é o “Dryline”, o projeto que ele fez para uma competição que a cidade de Ny fez logo depois que o furacão Sandy passou por lá. Composto por um boulevard de colinas, muros de água que abrem e fecham e galerias de arte ao ar livre, Ingels criou estruturas que barram a entrada da água na cidade no caso de uma tempestade e que servem ao mesmo tempo de espaços de convivência pra população.
“Citizen driven design”: Para o arquiteto, a arquitetura serve as pessoas, e por isso ele fez um projeto lindo pra Dinamarca em que trouxe elementos de várias etnias e culturas do mundo para as praças e parques do país. De caixas de som da Jamaica – que as pessoas podem usar pra fazer uma balada na rua – até fontes azulejadas do Marrocos, elas estão espalhadas pela cidade e ensinam os dinamarqueses as milhares de facetas culturais do mundo.
“Adaptive design”: De acordo com Ingels, os prédios tem que se adaptar ao contexto em que estão inseridos, como a casa da Lego que tem uma área que monta e desmonta uma praça do lado de fora. Outro exemplo é um museu que ele está desenhando na Noruega e que também é uma ponte, ou o teto de uma fábrica que virou pista de esqui pra quem mora no bairro.
E tudo o que ele faz, além de ser otimizado pra natureza – economiza água e energia, evitando o desperdício -, evoca os sentidos.
Sentidos também foram a pauta da sessão de Bruce Mau, que defende o design não somente para os olhos mas também para os ouvidos, toque, paladar e olfato. Bruce tampou nossos olhos e fez uma sessão às cegas – em que falou que o design determina a qualidade das experiências, que por sua vez determinam a qualidade do nosso tempo. E como tempo é o bem mais precioso hoje, precisamos fugir do design sem sentido para aproveitar o nosso.
Levar sinestesia para meios digitais é algo que vemos acontecendo aqui no SXSW, mas que ainda está longe de ser algo mainstream – ela acontece basicamente com VR/MR ou aparelhos pouco acessíveis. Torço para que esta curva se acelere e a gente possa viver experiências digitais multissensoriais logo mais!