“Check” em uma tendência sem perder a autoralidade
Osklen lança a sua leitura bem sucedida do 'tênis ferro de passar'
Não é de hoje que os anos 1990 (que foram ontem, meu deus!) se tornaram tendência saudosista de estilo, design e moda. Há uns dois anos, como parte dessa referência macro, depois de anos de hegemonia de calçados mais ‘pé no chão’, tornou-se tendência de moda e consumo os tênis de plataforma e solado mais estruturados. Carinhosamente, os chamo de “tênis ferro de passar”.
O mais icônico deles, nesta corajosa empreitada, foi o da marca espanhola Balenciaga, que acabou por ditar tendência para o resto da cadeia que produz moda e que fomenta este consumo mais específico, o qual a teoria nomeia de ‘bens posicionais’ — aqueles que fazem o consumidor ser percebido por esse ou aquele atributo que o diferencia da maioria pelo mero ato de consumir.
Nesta semana, a Osklen, capital do Reino Unido de Ipanema, deu à luz a sua leitura estilística desta tendência. Chamado de Hybrid, o calçado é parte de uma pocket collection que acaba de chegar às lojas para celebrar os 15 anos da presença da marca no mercado japonês.
É interessante observar que uma tendência julgada à primeira vista como não condizente com o estilo impresso pela Osklen há tantos anos acaba sendo adotada pela equipe de estilo de uma forma surpreendente. E é aqui que mora a mágica e a genialidade de uma produção de design e moda bem alinhados com o branding de uma marca: saber quando deixar uma tendência passar ou saber como incorporá-la ao seu mix de produto de forma criativa e autoral.
Os mais familiarizados com o histórico da grife carioca percebem a presença de partes de itens já clássicos do design de Juliana Suassuna e equipe, dirigidos por Oskar Metsavaht. Um híbrido (!) dos solados ‘Riva’ e ‘SoHo’ estão na peça. Na versão de cadarço e língua farta, o modelo se aproxima mais da tendência global; no modelo com velcro e paleta de cores composta de branco, offwhite, preto e ocre, a peça se mostra mais Osklen.
Fotos: Divulgação