No fim das contas, séries de outros estúdios vão demorar a sair do catálogo da Netflix
Graças aos acordos firmados em 2012, séries populares como “The Walking Dead”, “Grey's Anatomy” e “Riverdale” só deixarão o serviço três anos depois de encerradas
A guerra dos streamings já está declarada há algum tempo no noticiário, conforme grandes conglomerados como a Disney, a Apple, a WarnerMedia e mesmo a Comcast preparam à partir do segundo semestre de 2019 o lançamento de seus próprios serviços para competir diretamente com a Netflix, que reina hoje sozinha no mercado.
A chegada da concorrência significa guerra não apenas na disputa sangrenta entre pilhas cada vez maiores de novos conteúdos, mas também pela retirada de produções não originais do catálogo da gigante vermelha. Isso pode não significar muito à primeira vista, mas para a Netflix a perda destes conteúdos é um dano e tanto: só nos Estados Unidos, por exemplo, séries como “Friends”, “The Office” e “Grey’s Anatomy” foram as mais assistidas do catálogo do streaming no ano passado, com tranquilidade deixando para trás produções da empresa como “Orange Is The New Black”.
É um temor que também se verifica com bastante intensidade no Brasil, especialmente ao redor de sitcoms norte-americanas de grande sucesso como “How I Met Your Mother” e a própria “Friends”. Enquanto a última gerou ondas de desespero nas redes sociais no fim do ano passado ao ter anunciado de forma errônea sua saída do catálogo, a saída da primeira (causada por uma retirada em massa de produções da Fox para favorecer a chegada do seu canal de streaming por aqui) causou uma comoção tão grande na internet que levou a Netflix e a Fox a adiar a saída em mais de um mês para permitir que os fãs realizassem uma “última maratona de despedida”.
Mas ainda que os grandes estúdios de Hollywood estejam ameaçando já há algum tempo esta saída do catálogo, a real é que no fim a Netflix ainda vai ter acesso por um longo tempo a estes seriados de sucesso. Uma reportagem lançada hoje (30) pela Bloomberg revelou que os acordos firmados pela empresa de Reed Hastings para fornecimento de séries e filmes ao seu serviço a princípio garantem – pelo menos para os Estados Unidos – a permanência destas produções por um tempo bem maior que o imaginado.
É o caso, por exemplo, de séries como “Grey’s Anatomy”, “Riverdale”, “The Flash” e “The Walking Dead”, que permanecerão na Netflix não apenas enquanto novos episódios serem produzidos mas também de três até seis anos depois que os programas serem finalizados pelas suas respectivas emissoras.
“Friends” e outros programas da WarnerMedia, enquanto isso, em teoria terminam seu acordo de licenciamento no fim deste ano, mas fontes da Bloomberg declaram que a AT&T deve continuar negociando os direitos a quem quer que interesse mesmo depois do lançamento de seu próprio serviço de streaming. É uma posição parecida com a da Comcast, que apesar de já ter confirmado estar preparando um streaming próprio para 2020 também mantém diálogo com rivais para manter “The Office” rodando em diversos canais do meio.
A parte mais interessante, porém, é a que envolve a Disney, cujo anúncio de um serviço de streaming próprio foi feito exatamente para se divorciar dos acordos de licenciamento para a Netflix. Os detalhes dos documentos assinados em 2012 entre as duas empresas preveem que todos os filmes e séries lançados pela Disney entre janeiro de 2016 e dezembro de 2018 estarão novamente disponíveis para a Netflix à partir de 2026, mesmo o estúdio querendo retirá-los agora – o que em resumo significa que em menos de sete anos grandes produções como “Pantera Negra”, “Vingadores: Guerra Infinita” e “Star Wars: O Despertar da Força” deixarão de ser itens exclusivos do Disney+.
Enquanto isso, a Netflix segue enchendo seu catálogo de originais, fazendo um belo de um back-up caso tudo vá para o vinagre e grande parte destes conteúdos de sucesso de terceiros deixe o seu serviço. A guerra será longa.