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Cannes Lions 2019: dois publicitários e uma conversa sobre a indústria de hoje
Um jovem e um veterano da publicidade discutem o status da indústria no festival
Em um sonho imaginado, um jovem millennial, redator, recém-premiado no festival de Cannes Lions 2019, se encontra com um ex-diretor de criação de uma respeitável agência, na casa dos 60 anos, conservador, nada nostálgico. Leviano, o garoto, ao reconhecer esta lenda da propaganda, deus da criatividade, puxa conversa procurando, quem sabe, absorver algo.
“Uau. Quem diria encontrar o senhor! Sou realmente fã do seu trabalho!”
“Ótimo. Sempre considerei meu legado saber vender um serviço ou produto.”
“Sim. Mas o senhor deve ter reconhecido que andamos um longo caminho desde então. Atualmente estamos buscando mais sentido. Por exemplo, 90% dos Grand Prix deste ano tratam de assuntos pertinentes a sociedade atual. Por exemplo as categorias Creative Effectiveness, Direct e Entertainment são exemplos disso.”
“Entertainment? Não é um festival de Propaganda?”
“Expandiu. Há alguns anos passou a Festival de Criatividade. Temos convidados do mundo inteiro discutindo temas relevantes. 75% das palestras falam de assuntos como igualdade de gênero, inclu-Igualdade do que?”
“Gênero. É essencial que não haja diferença de tratamento dado a homens e
mulheres. Por exemplo, o número de mulheres no juri do festival tem
aumentado todo ano. Tivemos 48% de mulheres nesta edição.”
“Favorecimento sem critério de qualidade. Pensei que o mais importante fosse ser bom, independentemente do gênero.”
“Hmm…que tal inclusão?”
“O que tem?”
“Inclusão é o esforço de acomodação na sociedade de qualquer pessoa com algum tipo de deficiência física, mental, cognitiva. 15% da humanidade se encaixa nesse grupo.”
“Iniquidade. Trabalhei com diversos profissionais que queriam ser os
primeiros a mostrar algo diferente, apenas com o objetivos de serem
reconhecidos como tal…Não existe comprometimento com causa alguma. Por que não focar propaganda que ajudam a criar ou realçar necessidades Não é esse o objetivo?”
“Isso pode ofender algumas pessoas…”
“Deve ser extremamente complicado fazer humor, ja que alguém sempre fica ofendido. Essa sua geração quer salvar o mundo?
“Até 2025, são essas pessoas que farão parte de 75% da forca de trabalho. Como você acha que as agências podem criar um mundo melhor, um futuro mais decente?”
“Governantes deviam se preocupar com isso. E além disso…”
O jovem farto e desiludido se lembra que essa mesma pessoa ganhou um
prêmio por ter criado um filme onde pessoas peladas penduradas no teto
vendiam chocolate a animais falantes. Em seguida, vira e deixa o senhor falando sozinho.
São 30 anos de diferença.
Uma só geração.