FaceApp armazena seus dados enquanto “você fica velho”, mas nada diferente de outros apps
Apesar de ter uma política de privacidade bem vaga, o aplicativo não apresenta problemas tão diferentes da maioria dos apps que usamos com frequência
Em 2017, o FaceApp apareceu como um app viral pela primeira vez, porém, o sucesso durou pouco, já que muitos usuários abandonaram o aplicativo alegando variados problemas de funcionalidade.
No entanto, na última semana o FaceApp se viu em meio a uma nova onda bem-sucedida, principalmente por apresentar novos filtros (21 no total), entre eles o que deixa os usuários mais velhos – e que caiu no gosto da galera.
Criado na Rússia, basicamente o aplicativo usa de inteligência artificial para fazer o reconhecimento facial e analisar padrões para determinar os resultados dos filtros em cada usuário.
Na prática, as redes neurais convolucionais identificam, no caso do filtro idoso, por exemplo, padrões de rugas que poderão surgir naquele rosto, resultando no aparência mais envelhecida.
Porém, em épocas de debates sobre privacidade e segurança de dados, não demorou para que os usuários percebessem que a política de privacidade do FaceApp é um tanto vaga.
A empresa responsável pelo aplicativo, a Wireless Lab, de São Petesburgo, explica que não há nada de incomum no código ou no tráfego de rede do FaceApp, sendo semelhante à maioria dos aplicativos que usamos com frequência, como o Instagram (que também tem filtros que usam reconhecimento facial).
O problema em si é que os termos que citam a coleta de dados e o compartilhamento dos mesmos para fins de publicidade não dão muitos detalhes. Segundo a política e privacidade da empresa: “Ao usar nosso serviço, nossos servidores automaticamente gravam certas informações do arquivo de registro, incluindo solicitações da web, endereço de IP, tipo de browser, páginas de referência/saída e URL, número de cliques e como você interage com os links no serviço, nome de domínios, páginas iniciais, páginas visualizadas e outras informações. Nós também podemos coletar informações similares de e-mails enviados para nossos usuários, que nos ajudam a identificar quais e-mails são abertos e quais links são acessados pelos receptores”.
Como e com quem seriam esses compartilhamentos? Por quanto tempo o aplicativo mantém os dados dos usuários retidos e disponíveis para o seu uso? Entre outras questões sem respostas.
Há ainda quem se preocupe com o fato dos servidores do FaceApp ficarem na Rússia, mas isso parece ser só “encanação” dos norte-americanos mesmo.
No fim das contas, embora a política de privacidade do FaceApp seja vaga, principalmente em relação ao que o aplicativo faz com os dados que armazena e por quanto tempo ele detém esses dados, nada disso é exatamente novidade.
É claro que essa exposição se torna um debate válido, principalmente porque nem todo mundo tem a noção que os aplicativos, em geral, estão armazenando seus dados a todo momento. Mas, o FaceApp não tem “roubado dados” ou comprometido exatamente a segurança digital. Pelo menos até agora.