Anistia Internacional adota nova abordagem para “popularizar os Direitos Humanos”
ONG adota um novo foco em suas mensagens a fim de aumentar a conscientização sobre a importância da defesa dos Direitos Humanos

São tempos difíceis para os Direitos Humanos, e a Anistia Internacional sabe disso. A ONG está adotando um novo foco em suas mensagens a fim de aumentar a conscientização sobre a importância da defesa dos Direitos Humanos.
Até hoje, a abordagem da Anistia Internacional para desafiar os abusos cometidos sempre se baseou em campanhas que cutucavam os líderes políticos para forçar uma mudança. Mas a eficácia dessa estratégia foi questionada recentemente.
Segundo Thomas Coombes, da própria Anistia, a ideia na qual a ONG se baseava era: “A mobilização da vergonha e a pressão da opinião pública forçará, em teoria, os governos a fazer a coisa certa”. Mas, segundo o Campaing, com a ascensão de líderes como Donald Trump, Rodrigo Duterte e Jair Bolsonaro, essa estratégia se tornou não funcional: “De repente percebi: como você envergonha um governo quando os líderes são desavergonhados?”, comenta Coombes.
A nova estratégia é “tornar os Direitos Humanos populares”. Para ajudar no processo, a ONG recrutou a Blue State, que trabalhou nas campanhas presidenciais de Barack Obama, além de empresas como Google e Lloyds Banking Group.

A mudança mais óbvia de ser observada é o afastamento das mensagens negativas contra governos para falar sobre pessoas perseguidas injustamente, a fim de tornar as comunicações da AI “mais sobre os humanos do que sobre os direitos”.
A nova abordagem trabalha com mostrar os problemas e também as soluções. O melhor exemplo refere-se ao impasse da atual situação na fronteira Estados Unidos-México, onde a administração de Trump foi acusada de operar espaços chamados de “campos de concentração”. Coombes diz que apenas mostrar as imagens de imigrantes presos em gaiolas não é o suficiente: “Precisamos mostrar às pessoas esse sofrimento, mas o que também precisamos fazer é mostrar comportamentos alternativos. Para cada vez que contamos a história do imigrante na jaula, precisamos contar a história da pessoa vinda de outro país que está construindo uma vida ao ser acolhida pelos americanos”.
Coombes finaliza ressaltando que essa nova abordagem também significa que a Anistia Internacional está muito mais disposta a mostrar quando os governos fazem a coisa certa: “Precisamos ser efusivos em nossos elogios aos políticos que mostram a humanidade, para que possam chamar a atenção tanto quanto os caras maus”.