Facebook derruba campanha de manipulação do governo da Arábia Saudita
Mais de cem mil dólares foram investidos por membros ligados ao governo saudita em campanhas no Facebook e no Instagram
Em outubro de 2018, os principais nomes do Vale do Silício foram duramente criticados por manterem uma postura isenta diante da atuação da Arábia Saudita nas redes sociais. Tudo começou quando o governo saudita assassinou o jornalista Jamal Khashoggi, durante uma visita do profissional à embaixada saudita na Turquia.
A inevitável repercussão negativa das ações da ditadura saudita fizeram com que a imprensa e a população americana questionassem o silêncio no Vale do Silício. A questão é simples: enquanto empresas como o Facebook e o Twitter se manifestam e banem de suas plataformas figuras como Alex Jones e seu InfoWars, os mesmos se calam diante dos feitos da Arábia Saudita, que, curiosamente, é um país que investe bastante no polo tecnológico americano por meio de seu fundo Public Investment Fund of Saudi Arabia (PIF).
Quase um ano depois, o Facebook parece ter ouvido as críticas e começou a se posicionar sobre a situação. Como noticiaram a CNN e a Reuters, a empresa de Mark Zuckerberg derrubou uma campanha de manipulação política com ligações com o governo saudita. A empresa afirmou ter encontrado evidências de que pessoas ligadas ao governo têm feito campanhas secretas no Facebook e no Instagram em apoio ao país e atacando seus inimigos.
As pessoas por trás da campanha – que não tiveram seus nomes revelados, mas que o Facebook afirma estarem ligadas diretamente ao governo – criaram uma gigantesca operação que envolveu centenas de páginas e contas na rede social. Eles criaram personagens fictícios e investiram mais de cem mil dólares em propagandas para Facebook e Instagram. As páginas envolvidas tinham mais de um milhão de seguidores.
Não é a primeira vez que o Facebook detecta e encerra uma operação do tipo. Em maio de 2019, a empresa também encontrou uma gigantesca rede da extrema-direita européia que, às vésperas de eleições, propagavam fake news propaganda política para milhões de europeus pela plataforma. As páginas alcançavam, em sua totalidade, meio bilhão de pessoas.
Por mais que ainda estejamos distantes de ter um mecanismo ou método eficiente para combater tamanha desinformação, pelo menos é um alívio saber que as principais empresas do mundo estão se mobilizando para proteger as redes sociais de conteúdo tão prejudicial. Uma pena – e preocupante – que, os danos causados até a atual data sejam incalculáveis.