Apesar da disseminação de fake news, pesquisa mostra como WhatsApp contribuiu para eleições na Nigéria
Estudo realizado em parceria com a Universidade de Birmingham mostra que a plataforma ajudou a democracia do país, embora ainda seja necessário um controle sobre a desinformação compartilhada
Há algum tempo, a relação entre desinformação, WhatsApp e eleições tem levantado uma preocupação sobre o potencial da plataforma de minar a democracia em vários países, especialmente pelo efeito das fake news na população.
A fim de avaliar essa influência do WhatsApp nas eleições da Nigéria, uma equipe conjunta do Centro de Democracia e Desenvolvimento do país e a Universidade de Birmingham passaram os últimos meses pesquisando o impacto da plataforma na últimas eleições realizadas em maio.
O relatório traz conclusões perturbadoras e encorajadoras ao mesmo tempo. A pesquisa revela que o WhatsApp foi usado para enganar os eleitores de maneira ainda mais sofisticada, mas que a ferramenta também ajudou fortaleceu a democracia.
Assim como vimos no Brasil e na Índia, as eleições nigerianas foram cheias de compartilhamentos de desinformação através de fake news. A maioria dos entrevistados na pesquisa afirmou usar o WhatsApp para compartilhar informações sobre promessas de campanha, e muitos concordaram que a grande parte das mensagens que recebiam eram projetadas para acabar com a reputação de um candidato.
Entre os absurdos divulgados, a história de que o presidente do país havia morrido enquanto passava por tratamento médico e foi substituído por um clone do Sudão foi uma das mais compartilhadas.
Por outro lado, o estudo apontou que a influência do WhatsApp também contribui para deixar a disputa política mais igualitária, especialmente em relação às oportunidades de candidatos menores ganharem espaço. No caso da Nigéria, a oposição ao governo pode coordenar campanhas de combate à corrupção e respeito às leis eleitorais, fortalecendo a democracia.
Para a pesquisa, essas descobertas sugerem que não é uma solução tentar frear o uso de plataformas como o WhatsApp em ocasiões como as eleições. Qualquer tipo de censura nesse sentido seria ineficaz. O ideal é que os governos promovam a alfabetização digital, além do desenvolvimento de códigos de conduta de mídia social em torno das eleições para controlar a veracidade das informações compartilhadas.