Apps de ciclo menstrual estão compartilhando dados de usuárias com Facebook
Apps que, somados, possuem mais de 7 milhões de downloads, compartilham dados de usuárias por meio de sistema de desenvolvedores de aplicativos
Aplicativos de acompanhamento de ciclo menstrual se tornaram um importante facilitador no dia a dia feminino, principalmente em virtude da praticidade de se ter, em mãos, um app com mais funcionalidades e autonomia do que uma tabelinha de papel.
Uma reportagem do Digital Trends, porém, levanta uma importante preocupação relacionada a esses aplicativos de acompanhamento de ciclo. De acordo com a matéria, alguns apps do ramo estão compartilhando as informações pessoais de suas usuárias com o Facebook.
Para que esses aplicativos funcionem, eles exigem que as mulheres insiram algumas informações pessoais sobre seus ciclos menstruais e sobre sua vida sexual. Essas informações, de acordo com o grupo de advocacia britânico Privacy Internacional, estão sendo repassadas ao Facebook.
Dois aplicativos específicos estão no centro das acusações, o MIA Fem e Maya. Enquanto o MIA possui cerca de 2 milhões de usuárias ao redor do mundo, o Maya chega a mais de 5 milhões de downloads. O Digital Trends chegou a procurar ambos os apps para saber se eles teriam algo a explicar ou justificar, mas ambas as empresas responsáveis pelas ferramentas não fizeram nenhum pronunciamento oficial.
Os dados dos usuários são compartilhados pelo kit de desenvolvimento de software do Facebook, que consiste em um conjunto de ferramentas que facilita e permite a criação de apps. O kit permite que desenvolvedores coletem dados dos usuários e o Facebook os utilize para criar propagandas segmentadas. Como aponta o Digital Trends, as informações podem ser utilizados para as propagandas, mas também podem ser reunidas pelo Facebook e usadas para outros fins.
A questão da privacidade de dados, vale dizer, se tornou um problema relevante na relação entre as pessoas e as redes sociais, principalmente depois dos escândalos da Cambridge Analytica, que chegaram a levar Mark Zuckerberg, criador e CEO do Facebook, à depor na corte americana. Desde então, a empresa vem lutando para limpar sua imagem – o que influenciou diretamente, por exemplo, nas últimas medidas da empresa para combater o compartilhamento de fake news.