Com chegada iminente da Apple e da Disney, ações da Netflix batem recorde negativo na bolsa de valores
Além de uma queda de 4% nas ações, companhia perdeu quase 30% do valor de mercado desde junho e pode fechar setembro com o pior trimestre fiscal desde 2012
Que a entrada dos serviços de streaming da Apple e da Disney no mercado ia gerar um impacto no domínio da Netflix era meio óbvio, mas a extensão deste primeiro choque talvez seja maior que o previsto. Nesta terça-feira, as ações da companhia de Reed Hastings registraram uma queda de quase 4% na bolsa de valores, registrando o pior declínio da empresa no mercado nos últimos sete anos.
Este solavanco acontece em meio a um quadro geral de crise da Netflix na bolsa, conforme a companhia estagnou no fim do semestre passado e desde o fim de junho vem assistindo o valor de suas ações cair em 30%. Se a tendência de queda continuar, o serviço de streaming pode terminar segunda-feira com sua pior performance trimestral na bolsa desde 2012. A Pivotal Research inclusive reduziu quase pela metade o valor de mercado das ações da Netflix, marcando agora 350 dólares por ação ao invés dos 500 anteriores.
A causa, claro, está na chegada iminente da concorrência mais encorpada no cenário, que tem se beneficiado de toda a mídia gerada em cima da expectativa do lançamento do Disney+ e do Apple TV+. A Disney que o diga: de acordo com a Reuters, as ações do conglomerado do Mickey Mouse cresceram em torno de 14% desde o anúncio da plataforma em abril.
Todo este cenário não significa que a Netflix esteja efetivamente entrando em declínio, porém, mas sem dúvida prejudica suas possibilidades de crescimento ao longo prazo. Em uma nota divulgada aos clientes da Pivotal, o analista Jeffrey Wlodarczak escreve que a previsão agora é que a Netflix deve aumentar os gastos com conteúdo original para manter estáveis as taxas de crescimento dos assinantes e compensar o aumento dos custos com conteúdos de terceiros, uma decisão que deve afetar a curva de lucratividade da companhia.
Outro fator importante, claro, é o investimento maior em produções estrangeiras que o serviço de streaming deve fazer nos próximos meses para aumentar seus números nos mercados fora dos Estados Unidos, uma decisão anunciada na última reunião fiscal com investidores e que deve ajudar a plataforma nestes primeiros meses de guerra com a concorrência.