WhatsApp confirma envio em massa e ilegal de mensagens durante as eleições brasileiras de 2018

WhatsApp confirma envio em massa e ilegal de mensagens durante as eleições brasileiras de 2018

Declarações de gerente de políticas públicas da plataforma marcam a primeira ocasião em que a companhia admite publicamente a realização de práticas do tipo durante o período eleitoral brasileiro

por Pedro Strazza
whatsap-brazil

Durante palestra realizada no Festival Gabo, o gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp Ben Supple confirmou que houve disparos ilegais e em massa de mensagens na plataforma de mensagens durante o período eleitoral brasileiro de 2018. É a primeira vez que um representante da companhia admite publicamente a realização de uma prática do tipo nas eleições para presidente do Brasil.

“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios massivos de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas” declarou o executivo no evento, onde também condenou o uso de grupos públicos da plataforma para distribuição de conteúdos políticos: “Vemos esses grupos como tabloides sensacionalistas, onde as pessoas querem espalhar uma mensagem para uma plateia e normalmente divulgam conteúdo mais polêmico e problemático.” afirmou Supple, de acordo com reportagem do jornal Folha de São Paulo.

Além de recomendar que os usuários não entrem e denunciem estes grupos, o gerente também desencorajou “o uso dos grupos como listas de transmissão” de conteúdos, chegando a afirmar que “O WhatsApp foi criado para abrigar conversas orgânicas entre famílias e amigos”. Supple, porém, diz que o uso da plataforma por campanhas políticas não viola as regras do aplicativo, conforme “Todos estão sujeitos aos mesmos critérios”, ainda que também reconheça a grande influência do WhatsApp durante processos eleitorais – em especial os do Brasil.

“Sempre soubemos que a eleição brasileira seria um desafio. Era uma eleição muito polarizada e as condições eram ideais para a disseminação de desinformação” declarou o executivo no evento; “No Brasil, muita gente usa o WhatsApp como fonte primária de informação e não tem meios para verificar a veracidade do conteúdo”.

Apesar deste cenário, ele ainda acrescentou que apenas uma minoria de usuários comete irregularidades, além de que as medidas tomadas pela companhia para limitar estas práticas desonestas tem sido efetivas. De acordo com Supple, junto do banimento mensal de 2 milhões de contas, desde que o WhatsApp restringiu em janeiro o compartilhamento de mensagens a cinco chats por vez, o número total de reencaminhamentos caiu em torno de 25%.

As declarações do gerente estão de acordo com o noticiário recente da companhia, que vem de fato tomando ações cada vez maiores para impedir que a plataforma seja vítima de manipulações por grupos externos. Além de ter anunciado no fim do mês passado que deletou 1,5 milhão de contas apenas por propagarem desinformação e fazerem uso de bots, o WhatsApp também introduziu no primeiro semestre um recurso que impede o usuário de ser adicionado a qualquer grupo sem autorização e lançou na Índia uma ferramenta que verifica a veracidade das informações disseminadas na rede.

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