Mesmo com crise e demissão de 2 mil funcionários, venda da WeWork vai tornar seu fundador em um bilionário

Mesmo com crise e demissão de 2 mil funcionários, venda da WeWork vai tornar seu fundador em um bilionário

Embora nunca tenha feito a startup gerar lucro, ex-CEO Adam Neumann deve receber US$ 1,7 bilhão no pagamento de suas ações e uma linha de crédito extensa da compradora Softbank

por Pedro Strazza
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A WeWork atualmente se encontra numa enrascada das grandes, estando prestes a ser vendida para a SoftBank após passar o ano em meio a crises decorrentes de má gestão do fundador e CEO Adam Neumann. Mas ainda que a startup tenha demitido nas últimas semanas cerca de dois mil funcionários e diversos investidores tenham relatado perdas financeiras graves, o acordo que vai passar a empresa para o controle da gigante japonesa das telecomunicações no fim vai favorecer Neumann.

De acordo com o Wall Street Journal e o Financial Times, o acordo estipulado entre o criador da empresa imobiliária comercial e o SoftBank prevê que o comprador pague cerca de US$ 1,7 bilhão em ações para que Neumann corte todos os laços com sua WeCompany, além de conceder US$ 185 milhões extras por um “valor de consultoria” e criar uma linha de crédito de US$ 500 milhões. Com estas medidas, o Bloomberg especula que o fundador da WeWork obtenha uma rede de valor de pelo menos um bilhão de dólares, mesmo que nunca tenha trazido lucro real para sua empresa e sua decisão de abrir o capital dela tenha acarretado em todo o processo de implosão do negócio.

Esta, aliás, é apenas uma pequena parcela do valor que será gasto pelo conglomerado japonês para assumir o negócio. Se como maior investidor a SoftBank já investiu mais de US$ 10 bilhões na empresa, ela deve gastar ainda mais US$ 3 bilhões em compra de ações de posse de empregados e investidores há mais tempo envolvidos e acumular uma dívida de US$ 5 bilhões para permitir que a WeCompany continue funcionando – o que parece ter sido suficiente para o conselho da companhia a optar pelo acordo ao invés de aceitar uma oferta da JPMorgan.

A situação é ainda mais esquisita se considerar que não apenas a WeWork viu sua avaliação financeira no mercado cair US$ 8 bilhões de dólares e que, por conta disso, a esmagadora maioria dos funcionários demitidos não receberia os pagamentos decorrentes de seu desligamento. Neumann, enquanto isso, já tem monetizado parte de suas ações, vendendo milhões de dólares em rodadas de investimento e já tendo comprado em anos anteriores um valor de US$ 100 milhões em propriedades localizadas em regiões como Manhattan, Westchester e num estabelecimento de quase 4,5 hectares na Califórnia – mesmo que sua grana estivesse em teoria presa aos registros negativos da WeWork.

A queda da WeWork, vale lembrar, está diretamente ligada ao seu processo de abertura do capital, sob o qual o governo dos EUA revelou em agosto que toda a estrutura da companhia estava ligada a um conjunto de problemas sérios que incluíam excesso de controle por parte de Neumann e sua esposa, Rebekah Paltrow, além de diversos registros de perdas drásticas de capital. Além de retirar o pedido de abertura da empresa, a notícia levou o fundador a deixar o cargo de CEO no fim de setembro e ao fechamento de outras iniciativas da WeCompany como a WeGrow, projeto de escolas financiadas pela startup.

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