Twitter decide acabar com publicidade política na plataforma
Diferente do posicionamento de Mark Zuckerberg, CEO do Twitter vincula o crescimento de notícias falsas aos anúncios políticos, e coloca a medida como fundamental para a guerra contra as fake news
Através de um anúncio feito pelo CEO Jack Dorsey, o Twitter informou que a rede social não permitirá mais publicidade política na plataforma: “Decidimos interromper toda a publicidade política no Twitter globalmente. Acreditamos que o alcance da mensagem política deve ser conquistado, e não comprado”, escreveu Dorsey em seu perfil na rede.
We’ve made the decision to stop all political advertising on Twitter globally. We believe political message reach should be earned, not bought. Why? A few reasons…🧵
— jack 🌍🌏🌎 (@jack) October 30, 2019
A explicação do CEO é longa, e cita ainda que a proibição inclui anúncios de candidatos e qualquer tipo de publicidade política. A nova regra entra em vigor já no próximo dia 22 de novembro.
A decisão do Twitter ocorre em meio às articulações das gigantes digitais antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que acontecem em 2020. O Facebook, por exemplo, decidiu não proibir anúncios políticos em sua plataforma, mesmo os que apresentem fake news.
O posicionamento das duas redes sociais mostra claramente como o assunto pode ser visto de formas tão contrárias. Enquanto Mark Zuckerberg adota um discurso sobre “o compromisso do Facebook em proteger a liberdade de expressão”, Dorsey diz que a questão nada tem a ver com liberdade de expressão: “Trata-se de pagar pelo alcance. E pagar para aumentar o alcance do discurso político tem ramificações significativas com as quais a infraestrutura democrática de hoje pode não estar preparada para lidar. Vale a pena dar um passo atrás para resolver”, explica o CEO do Twitter.
O Facebook garante que terá uma série de medidas destinadas a impedir a interferência maldosa nas eleições, incluindo rotular com mais destaque o conteúdo classificado como falso ou parcialmente falso, além de banir anúncios que sugerem que a votação é inútil e estimulam as pessoas a não votarem – já que nos EUA o voto não é obrigatório, como no Brasil.
Indo contra a lógica de Zuckerberg, Dorsey vincula o crescimento de notícias falsas aos anúncios políticos, e que a medida tomada pela plataforma é fundamental para a guerra contra as fake news: “Estamos trabalhando duro para impedir que as pessoas usem nossos sistemas para espalhar informações enganosas, mas se alguém nos paga para mirar e forçar as pessoas a ver seu anúncio político … bem … elas podem dizer o que quiserem!”, ressalta o CEO.
Após o anúncio de suas novas medidas, as ações do Twitter caíram 2%.