TikTok admite ter censurado conteúdo de criadores queer, gordos e com deficiência
ByteDance admitiu diminuir alcance de quaisquer publicações feitas por pessoas "propícias" ao cyberbullying e assédio, incluindo membros da comunidade LGBTQ+, gordos e pessoas com autismo
O TikTok é a rede social do momento. Crescendo rapidamente por todo o mundo após fazer um sucesso estrondoso nos Estados Unidos e na Índia, atualmente, a rede social está crescendo também no Brasil e em outros mercados. O aplicativo já é um dos mais baixados do mundo, disputando o primeiro lugar com o Instagram, do Facebook, e alcançou a impressionante marca de 1 bilhão de downloads.
Isso não impede, porém, que a ByteDance, empresa responsável pelo app, faça escolhas bastante antiéticas e preconceituosas. Como reportou o Slate, o TikTok admitiu ter censurado conteúdo feito por criadores queer, gordos ou com deficiência.
A empresa admitiu ter diminuído o alcance de quaisquer publicações feitas por pessoas “propícias” ao cyberbullying e assédio, como por exemplo, membros da comunidade LGBTQ+, gordos, pessoas com autismo, marcas no rosto (de nascença ou cicatrizes), Sindrome de Down.
A empresa admitiu ter cometido tais atos após o site alemão Netzpolitik noticiar que o TikTok exigiu que moderadores assistissem a vídeos de 15 segundos e decidir se as pessoas que aparecem nesses vídeos pareciam ser suscetíveis a bullying. Se a resposta fosse sim, os moderadores adicionavam marcações às contas desses usuários “vulneráveis”.
As marcações impediam que os vídeos chegassem ao público externo ao país de origem e, em alguns casos, até faziam com que esses vídeos desaparecessem do feed geral. O Netzpolitik, então, teve acesso a uma lista de algumas dessas contas censuradas
Em entrevista ao site alemão, um porta-voz do TikTok afirmou que essa medida nunca foi planejada para ser algo a longo prazo e que não estava mais sendo aplicada. A decisão da empresa, na defesa da própria, visava evitar o bullying e a perseguição, mas, na prática, acabava por ser uma censura e um preconceito.
O TikTok já foi muito criticado pelo fato de muitos usuários praticarem bullying na plataforma. No começo de 2019, o app chegou a ser banido da Índia por ter seu uso associado ao cyberbullying. Fingir que esse conteúdo não existe, porém, é uma medida covarde e extremamente antiética, que acaba por tornar a própria plataforma uma praticante de cyberbullying, já que sua intenção parece ter sido apenas fingir que o problema não existe, em vez de abordá-lo de outra maneira.