COI proíbe manifestações políticas de atletas nos Jogos Olímpicos de Tóquio
Estão vetados todos os gestos com significado político, como ficar de joelhos ou levantar o punho, assim como mensagens políticas e o uso de qualquer símbolo "militante"
O Comitê Olímpico Internacional proibiu os atletas de fazerem qualquer manifestação política durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, que acontecem em julho. De acordo com as regras divulgadas pela instituição, estão vetados todos os gestos com significado político, como ficar de joelhos ou levantar o punho, assim como mensagens políticas escritas em placas, faixas ou outros meios, além do uso de qualquer símbolo “militante”, como um broche ou uma braçadeira, por exemplo.
Segundo o COI, as diretrizes foram desenvolvidas para que os atletas possam participar dos jogos “sem nenhuma interrupção divisória“. As regras se estendem a todos os locais olímpicos, incluindo cerimônias de medalhas, a Vila Olímpica, os locais de disputa dos jogos e as cerimônias de abertura e encerramento.
Na introdução do documento, o comitê declara: “Acreditamos que o exemplo que damos ao competir com os melhores do mundo enquanto vivemos em harmonia na Vila Olímpica é uma mensagem exclusivamente positiva a ser enviada a um mundo cada vez mais dividido. É por isso que é importante, tanto a nível pessoal como global, manter os locais, a Vila Olímpica e o pódio neutros e livres de qualquer forma de manifestações políticas, religiosas ou étnicas”.
O não cumprimento das regras pode gerar punições disciplinares por parte do COI. Os casos serão avaliados individualmente pelo comitê e por outros órgãos envolvidos.
Manifestações políticas sempre aconteceram ao longo das edições das Olimpíadas, especialmente através de gestos carregados de significados. Em 1968, por exemplo, durante os Jogos Olímpicos do México, os norte-americanos Tommie Smith e John Carlos – medalhas de ouro e bronze nos 200 metros rasos, respectivamente – abaixaram a cabeça e ergueram o punho, usando luvas pretas, enquanto o hino dos Estados Unidos tocava. A saudação dos Panteras Negras foi o símbolo utilizado como protesto pelos dois atletas contra a violência policial nos bairros negros do país, num ato que entrou para a história do esporte mundial.
Chamar a atenção para o racismo presente nos EUA também foi o que levou o jogador de futebol americano Colin Kaepernick a se ajoelhar durante as execuções do hino nacional na temporada de 2016 da NFL. Desde então, o movimento se espalhou por outros esportes, como o basquete.
Durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o COI proibiu a entrada de quaisquer itens para fins de protesto nos locais oficiais dos jogos. As manifestações políticas não foram muito representativas entre os atletas nessa edição. Já a torcida – especialmente a brasileira, teve placas, cartazes e camisetas que expressavam posicionamentos políticos confiscados. A orientação pedia para o torcedor-manifestante guardar os objetos e, no caso de recusa, o mesmo era expulso do jogo.
O Comitê Olímpico afirma que os atletas poderão expressar suas opiniões políticas em entrevistas coletivas oficiais e também em suas redes sociais particulares. Ainda assim, o presidente do COI, Thomas Bach, mostrou que nem essas manifestações serão “bem-vistas” pela instituição: “A missão dos Jogos Olímpicos é unir e não dividir. Somos o único evento do mundo que coloca o mundo inteiro junto numa competição pacífica”, declarou.