Moderadores do YouTube agora precisam reconhecer que trabalho pode gerar estresse pós-traumático
Funcionários de firma de moderação que operam na plataforma estão sendo intimados desde dezembro a assinar documento em que reconhecem que trabalho pode "afetar negativamente" sua condição mental
Os moderadores humanos do YouTube estão recebendo um novo documento da companhia onde trabalham que os leva a reconhecer que seu trabalho na plataforma pode gerar síndrome pós-traumática. A informação vem do The Verge, que reporta que a assinatura da papelada é obrigatória aos funcionários terceirizados e circula pelo menos desde 20 de dezembro na Accenture, umas das várias firmas que providenciam este tipo de serviço ao site do Google.
De acordo com o site, o documento repassado pela companhia escreve que o moderador “entende que o conteúdo que será avaliado pode ser perturbador” e que revisá-lo para aprovação dentro da plataforma “pode impactar em minha saúde mental, levando inclusive a Estresse Pós-Traumático”. Além disso, o formulário também declara que o funcionário “irá procurar benefício do programa weCare e buscar serviços de cuidado com a saúde mental caso seja necessário”, junto do fator de que ele irá contatar seu supervisor se ele sentir que o trabalho está “afetando negativamente” sua cabeça.
Embora a Accenture declare que a assinatura da papelada seja voluntária, dois funcionários já reportaram ao The Verge que foram ameaçados de demissão caso se recusassem a preenche-lo, além do próprio formulário declarar que “a aderência a todos os requerimentos do documento é mandatória” e que caso isso não seja obedecido “ações disciplinárias serão tomadas, incluindo o término do contrato”.
Em declaração oficial sobre o caso, o Google afirma que os moderadores “realizam um trabalho vital e necessário para manter a segurança das plataformas digitais a todos” e que “escolhe com cuidado as companhias com que firma parceria, requerendo que estas providenciem recursos compreensivos ao apoio do bem estar e da saúde mental dos moderadores”.
Já a Accenture declara que os funcionários não estão sendo obrigados a fornecer informações sobre deficiências ou condições médicas, enquadrando o documento como uma mera declaração geral de reconhecimento sobre o perfil de trabalho pedido pela empresa.
O curioso é que o formulário não apenas circula desde pouco depois do The Verge ter veiculado uma matéria sobre os riscos da função à saúde mental dos trabalhadores, mas também aparentemente não vale para moderadores do Facebook e do Twitter, para os quais a Accenture também presta serviço. Enquanto a companhia de Mark Zuckerberg afirma que não aprova que documentação do tipo seja repassada a seus moderadores, o Twitter diz que os funcionários já são conscientizados desta informação sobre o trabalho quando são admitidos na empresa.