Amazon omite de funcionários casos de coronavírus em seus armazéns nos EUA
Trabalhadores também reclamam de ausência de melhores medidas preventivas nas linhas de produção, o que pode tornar locais em pontos de disseminação da doença
Uma nova reportagem do The Verge aponta que a Amazon não está notificando os funcionários de seus armazéns sobre os casos de coronavírus detectados nos locais de trabalho. Com diagnósticos positivos da doença em 10 dos estabelecimentos da empresa nos EUA até o momento, a prática recorrente da gerência até aqui parece ser de revelar aos seus trabalhadores a situação apenas depois que estes confrontam seus superiores ou que o caso chega ao noticiário local.
É o caso de um armazém na cidade de Detroit, onde a administração local só notificou os trabalhadores do chão de fábrica que um dos colegas havia testado positivo para o coronavírus quando a reportagem de uma TV local noticiou o caso. Mas ainda que a reportagem tenha saído na quinta, alguns funcionários já ouviam os rumores desde o fim de semana anterior, com alguns inclusive sabendo da informação por meio de outros colegas em outros estabelecimentos.
Além do atraso, a resposta também é para lá de insuficiente. De acordo com o The Verge, os funcionários apenas foram informados de que uma pessoa infectada com o vírus, não sendo apresentado medidas de prevenção que mantenham-os seguros em sua rotina – que envolve passar por diferentes áreas do armazém e dividir com outros banheiros, salas de recreação e claro, equipamentos. Em Staten Island, Nova York, a situação é pior: mesmo com a divulgação pública da informação de um caso, a Amazon não notificou trabalhadores do local por e-mail, comunicado ou chamada.
Procurada, a companhia se defende afirmando que notifica os funcionários sobre quaisquer casos detectados em seus estabelecimentos e pede a todos que estiveram em contato com o paciente façam o período de 14 dias de quarentena. “Nós estamos apoiando os indivíduos, seguindo diretrizes de autoridades locais e tomando precauções extremas para garantir a segurança de todos os trabalhadores nos locais” escreve a empresa em pronunciamento oficial.
A situação segue tensa, porém. Na semana passada, um coletivo de 1500 funcionários lançaram uma petição online pedindo que a Amazon melhore as medidas de segurança, encerre estabelecimentos com casos positivos da doença e providencie licença médica paga a todos os empregados durante o período. Ainda que a empresa diga ter aumentado a rotina de limpeza, os trabalhadores entrevistados pelo The Verge dizem que o ritmo do dia a dia e a proximidade entre eles no local ainda é insuficiente para garantir que ninguém seja contaminado.