Citando burocracia e investigações criminais, SoftBank desiste da compra da WeWork por US$ 3 bilhões
Multinacional diz que ausência do cumprimento de ações como aprovação antitruste e não fechamento de filiais na Ásia impossibilitaram acordo (bem como os atuais processos federais sobre a startup)
A multinacional SoftBank anunciou nesta quinta-feira (2) a desistência de seu investimento de 3 bilhões de dólares para adquirir a WeWork, startup imobiliária que fornece espaços de trabalho compartilhados. Embora os rumores apontassem que a compradora havia titubeado perante as investigações conduzidas dentro do negócio fundado por Adam Neumann, a companhia cita como razão maior a falta de cumprimento nas requisições para concluir o acordo.
“A SoftBank permanece inteiramente comprometida com o sucesso da WeWork e está dando passos significativos para fortalecer a companhia desde outubro, incluindo a chegada de novo capital, o desenvolvimento de uma nova estratégia e a contratação de um time de gerenciamento novo e de classe mundial” escreve o vice-presidente sênior Robert Townsend no comunicado à imprensa, no qual também comenta que “Dado nosso compromisso fiduciário com os acionistas, seria irresponsável ignorar o fato que as condições não foram atendidas e mesmo assim consumar a oferta”.
Entre as questões burocráticas englobadas neste não atendimento das condições da compra, a SoftBank cita a ausência de aprovações antitruste, a falha em não fechar a divisão chinesa da companhia e o não cancelamento da expansão asiática da WeWork até o fim do dia de ontem, 1° de abril de 2020. O comunicado também explicita, porém, que a “existência de múltiplas, novas e significativas investigações civis e criminais” sobre as atividades financeiras e de comunicação da startup e seu fundador ajudaram a complicar o futuro estabelecido na assinatura do acordo em outubro de 2019 – além de todo o caos gerado pela crise do coronavírus no globo.
Ainda que a WeWork não tenha se pronunciado oficialmente sobre o fim da compra, uma reportagem da Reuters indica que um comitê especial do conselho da empresa se mostrou desapontado com o caso e “está considerando todas as opções legais, incluindo a litigação” como resposta à desistência súbita do negócio.
A notícia de fato só amplifica o cenário pessimista da companhia. Depois de reportar a perda de 1,25 bilhão de dólares no terceiro trimestre e ver seus planos de abertura do capital fracassarem, a WeWork havia declarado aos acionistas na semana passada que continua com um montante físico de 4,4 bilhões para sobreviver à crise atual nos próximos meses – os investidores seguem descrentes do modelo de negócios da empresa, entretanto, conforme este se baseia em aluguéis de longo prazo entre terceiros e os espaços ocupados pela imobiliária.
Quem mais se deu mal nesta história é o próprio Adam Neumann, porém. Afastado da liderança e do próprio negócio desde o fim do ano passado, o fundador da WeWork ia receber 1,7 bilhão de dólares da SoftBank para se desfazer por completo da empresa, alcançando assim o posto de bilionário mesmo nunca tendo feito a startup gerar lucro.