40% dos cinemas na China podem falir com pandemia do coronavírus
Mais de cinco mil estabelecimentos no país podem não sobreviver até o fim da quarentena, que já chega a 130 dias no território
A crise oriunda da pandemia do coronavírus pode ter um efeito mortal a uma grande parcela do mercado audiovisual, uma constatação que começa a ser sentida pela rede de exibição chinesa. Um novo relatório lançado pela China Film Association aponta que 40% dos cinemas do país estão sob risco altíssimo de encerrar as atividades em definitivo devido ao caos de saúde, que forçou todas as companhias da área a paralisar suas operações para promover o distanciamento social e impedir a disseminação da doença.
Em termos práticos, a materialização destes dados significa que em torno de cinco mil estabelecimentos do tipo e 27.920 telas deixariam de existir no país, que hoje possui 12.400 complexos e 69.800 telas – todos sem funcionar desde o último dia 23 de janeiro, quando a quarentena foi decretada no país. 130 dias depois, o governo chinês já autorizou a reabertura dos negócios na área e até já há um plano elaborado de retomada do público na mesa, mas de acordo com a Variety há entraves nas administrações das províncias nacionais, que temem novos surtos – incluindo a capital Pequim, que ainda não terminou de sair do estado de quarentena.
A questão toda mora em cima de um atual processo de sangria enfrentado por estabelecimentos do tipo ao redor de todo o globo, onde há a ausência de entrada de dinheiro e a continuidade de custos de operação – em especial o aluguel.
No Brasil, a ausência de um plano de recuperação econômica coerente com as necessidades do mercado e a saúde do público agrava ainda mais essa situação. O diretor do Petra Belas Artes, André Sturm, chegou a afirmar que demitiria todos os funcionários caso não consiga reabrir o cinema paulista em dois meses. “No melhor dos casos, reabro em 60 dias. E não vai ser assim. Os cinemas estão sem data, sem perspectiva.” disse o executivo à Filmmelier na semana passada, comentando ainda que o atual plano do governo federal e estadual “Vai quebrar todos os cinemas de São Paulo”.
Ainda de acordo com o relatório da China Film Association, caso o circuito reabra em junho ainda há possibilidade da renda retornar aos níveis de antes da pandemia em até seis meses, mas um adiamento para outubro pode reduzir as previsões de receita em até 91%. Este cenário mais pessimista mostra um faturamento anual de apenas US$ 810 milhões, um valor muito abaixo das previsões desesperançosas de abril que marcavam algo na faixa de US$ 4,2 bilhões.
Caso isso se confirme, a indústria como um todo deve sofrer um golpe forte e terrível, em especial Hollywood que nos últimos anos aprendeu a depender do faturamento chinês para bancar as suas superproduções – e basta uma olhada nos números de “Vingadores: Ultimato” para entender os danos dessa equação.