Nos passos do Twitter, Snapchat vai restringir alcance do perfil de Donald Trump

Nos passos do Twitter, Snapchat vai restringir alcance do perfil de Donald Trump

Publicações do presidente não serão mais promovidas na plataforma depois que o oficial escreveu no Twitter que os manifestantes dos atuais protestos serão oprimidos com armamento violento

por Pedro Strazza
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Depois do Twitter, agora é a vez do Snapchat fechar o cerco sobre a atuação do atual presidente estadunidense Donald Trump nas redes sociais. A Snap Inc. anunciou nesta quarta (3) que vai interromper a promoção do perfil do chefe do executivo no país dentro da plataforma, restringindo seu alcance apenas aos resultados de busca.

Na prática, isso significa que quaisquer publicações feitas pela conta do presidente vão parar de ser exibidas na aba de descoberta do aplicativo, usada tradicionalmente para impulsionar posts de sites de notícias, autoridades oficiais, celebridades e influencers. Em comunicado à imprensa, o Snapchat justifica a decisão alegando que “não vai amplificar vozes que incitam violência e injustiça racial divulgando grátis seu conteúdo” e ainda comenta que a plataforma “busca paz, amor, igualdade e justiça na América”.

Ainda de acordo com o Snapchat, a decisão foi tomada depois que o presidente estadunidense tuitou que os manifestantes seriam “recebidos com cachorros violentos e as armas mais terríveis que eu já vi”.

O ato pode parecer pequeno para alguns dado a comparação com outras plataformas, mas não é. No mês passado, o Bloomberg chegou a reportar que o número de seguidores de Trump no Snapchat triplicou ao longo dos últimos doze meses graças em parte a seguidas aparições na aba de Descobertas, além da sua própria campanha presidencial confirmar que valorizava a audiência jovem do aplicativo – até porque muitos votam pela primeira vez em 2020.

É um movimento que acompanha as recentes ações do Twitter sobre o perfil do presidente, que teve publicações marcadas como desinformação e alcance restringido a um post onde ele classificava os manifestantes dos atuais protestos raciais como “bandidos”. As decisões despertaram polêmica no noticiário, especialmente depois que o CEO do Facebook Mark Zuckerberg fez duras críticas aos atos – e foi devidamente respondido sobre a falta de ação de sua plataforma principal às publicações do presidente. Muitos defendem a posição de que o acesso de Trump às redes sociais deva ser restringido – um usuário até criou um experimento no Twitter para mostrar o tamanho do impacto negativo causado pelo oficial na plataforma.

A posição do Snapchat é parcialmente a favor disso, como bem prova essa última decisão e um recente memorando disparado pelo CEO Evan Spiegel a todos os funcionários da rede social. No texto, Spiegel não chega a citar Trump, mas escreve que a plataforma “não pode simplesmente promover contas nos Estados Unidos que são de posse de pessoas que incitam a violência racial, seja dentro ou fora da rede” e que a empresa “talvez permita que estes cidadãos divisivos mantenham uma conta no Snapchat, desde que seu conteúdo publicado seja consistente com as políticas de uso, mas não irá promover estes perfis e conteúdos em qualquer formato”.

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