União Europeia pede a Facebook, Google e Twitter que façam relatórios mensais sobre combate às fake news
Preocupação do bloco com desinformação está na área de saúde, que na Alemanha já impactou o compromisso do povo com as campanhas de vacinação
A União Europeia quer que o Google, o Facebook e o Twitter contribuam de maneira direta à entidade no esforço de combate à desinformação e as informações falsas. Nesta quarta (10), dois oficiais da entidade declararam o interesse da organização em receber das três companhias relatórios mensais sobre medidas e ações para barrar a disseminação de fake news em suas respectivas plataformas, citando o efeito danoso destas na prevenção ao coronavírus e o interesse político de países como a Rússia e a China para desestabilizar a UE.
Os comentários no caso foram feitos por Josep Borrell, alto representante da União para negócios estrangeiros, e Vera Jourová, presidente da comissão europeia de valores e transparência, que chegaram a declarar que a desinformação “não apenas traz danos à saúde de nossas democracias, mas também atinge a saúde de nossos cidadãos”. De acordo com a Reuters, Jourova ainda afirmou à imprensa que as fake news podem “impactar negativamente a economia e sabotar a resposta de autoridades públicas, assim enfraquecendo medidas de saúde”, se referindo não apenas à contenção da atual pandemia mas também à vacinação, que define como a próxima linha de batalha na área e que já passo por danos – na Alemanha, segundo a oficial, 20% do público já perdeu o interesse por se manter em dia com as injeções.
O interesse do bloco nestes relatórios é que as empresas tenham a oportunidade de informar à organização e o público o que vem fazendo para barrar a disseminação de notícias e anúncios do tipo, com foco especial na questão de saúde que como bem coloca Jourová é a preocupação mais imediata da UE dentro do tema.
A situação, porém, não chega a ser mandatória a estas empresas mas sim voluntária, e um bom exemplo é o Código de Práticas de Desinformação que a organização toca atualmente com essas plataformas. Pouco depois da coletiva, a própria Jourová celebrou em sua conta no Twitter a entrada do TikTok no código, que já conta com a presença da esmagadora maioria das empresas do ramo (incluindo os três citados pelos oficiais no pedido de relatórios) e clama entre outras coisas que os negócios envolvidos irão promover transparência e verdade no sistema de anúncios e reforçar políticas contrárias a identidades falsas e bots. Vale lembrar, o TikTok é da chinesa ByteDance e portanto estaria em teoria submetida ao “interesse externo” citado pelos oficiais da UE na coletiva.