Oscar volta a fixar 10 indicados em Melhor Filme e vai promover novas medidas de inclusão na indústria
Entidade também vai instaurar um programa de incentivo a sessões no streaming da premiação para permitir uma competição mais justa pela estatueta no calendário
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou nesta sexta (12) um novo comunicado envolvendo mudanças na principal premiação do cinema estadunidense, mas ao contrário das expectativas do mercado a entidade não anunciou o adiamento da próxima cerimônia do Oscar. Depois de liberar produções lançadas no streaming na briga, as decisões da vez aprovadas pelo recém-renovado comitê de governadores da Academia concentram no que é definido como “uma nova fase” da iniciativa de igualdade e inclusão da indústria, que inclui a retomada de uma regra no prêmio principal: a partir de 2022, a estatueta de Melhor Filme volta a contar com 10 indicados fixos.
A quantidade é a mesma da ação tomada em 2009 pela Academia para expandir a categoria e que foi alterada em 2011 para o regulamento atual, que até este ano previa “entre 5 a 10 indicados” para contemplar produções com uma “maioria mínima” de votos – o que no percentual significava 5%. O retorno a um total fixo não acontece sozinho, porém: além da alteração, a Academia também vai implementar um programa trimestral de incentivo a sessões na plataforma de streaming do Oscar, de forma a “equilibrar o campo de disputa” e permitir que todos os candidatos sejam vistos pelos votantes.
Na prática, essas medidas buscam combater o quadro atual de competição da temporada de premiações, que nas últimas listas passou a intensificar a preferência por produções lançadas no fim do ano – na última edição, por exemplo, mais de dois terços dos nomeados à categoria principal estrearam no circuito estadunidense no último trimestre de 2019. O desafio imposto pela instituição é fazer com que o Oscar reflita a produção de todo o ano, normalizando a lembrança de projetos que impactaram o meio nos primeiros meses como “Corra!” e “Mad Max: Estrada da Fúria”.
Essa inclusão também passa por questões de diversidade, foco da Academia nas ações voltadas à indústria. De acordo com o comunicado, a entidade vai passar a incentivar práticas de contratação e representação dentro e fora das telonas a partir do que define como uma “força-tarefa de líderes da indústria” nomeados pelo atual presidente David Rubin e feito em colaboração com o sindicato de produtores, o PGA. O esforço principal do núcleo será criar um novo ideal de representação e inclusão para as regras de elegibilidade ao Oscar até o próximo dia 31 de julho – e que não deve impactar a edição de 2021.
As medidas acompanham a eleição do quadro mais diverso de governadores dos braços da Academia, ocorrida esta semana e com nomes como Ava DuVernay, Linda Flowers e Debra Zane entre os novos representantes. O novo grupo também deve aprovar um novo regime de governo que permita um maior número de trocas internas, com mandatos de até três anos com hiatos de dois anos. A instituição também se comprometeu a criar uma organização anti-racista e inclusiva para gerir o vindouro Academy Museum of Motion Pictures, além de iniciativas para resolver desigualdades institucionais internas e criar programas de bolsas que incentivem a inclusão.