Amazon já tem data pra estrear podcasts brasileiros no Amazon Music
Versão localizada do serviço será lançada na segunda quinzena de novembro no país
A prometida seção de podcasts dentro do Amazon Music já tem previsão de estreia no Brasil. Segundo apuração do B9, os programas estarão disponíveis dentro da plataforma, localizada em português, a partir da segunda quinzena de novembro de 2020. Produtores que queiram oferecer seus podcasts no serviço precisam preencher o formulário de cadastro disponível nesse link.
Logo de partida, a Amazon vai permitir o uso de seu Programa de Associados nos podcasts. Dessa forma, se um ouvinte assinar o Amazon Music através de um show ou episódio, o criador recebe uma comissão. É o primeiro passo de um modelo de rentabilização do conteúdo que pode ser ampliado futuramente.
Outro ponto importante é a integração com a Alexa. Se antes isso exigia a criação de uma skill exclusiva, agora qualquer podcast dentro do Amazon Music poderá ser encontrado pela inteligência artificial da Amazon. Representa uma entrada vital para os podcasts dentro do promissor segmento de smart speakers.
Assim como foi anunciado nos EUA – com contratos de exclusividade já garantidos, como esse com DJ Khaled abaixo – a estratégia do Amazon Music no Brasil também vai apostar no desenvolvimento de podcasts originais, em parceria com criadores locais, a partir do primeiro trimestre de 2021.
Na briga com Spotify
A entrada da Amazon no mercado de podcasts, que já vem sendo planejada há algum tempo, é a primeira grande ameaça ao domínio que o Spotify tem exercido nos últimos dois anos. Considerando que, até o momento, a Apple ainda não deu muitas pistas de que está ensaiando alguma reação. Plataformas desafiantes ou até já grandes, como a Globoplay, por exemplo, também estão apenas dando os primeiros passos na disputa pelos nossos ouvidos.
Talvez você não se lembre – ou nem se importava – mas existiu um dia, não tão distante, em que a Apple desbravava podcasts de forma quase solitária. Quando ainda se chamava iTunes, o Apple Podcasts atuava como o facilitador dominante para criadores e ouvintes da mídia. Foi um longo período em que Apple ajudou, sem algoritmos, a reforçar o ethos historicamente livre e aberto dos podcasts: “qualquer um pode publicar”. Além de ajudar a promover programas por meio de uma primeira página com curadoria a custo zero, a plataforma funcionava essencialmente como um guardião neutro para a comunidade de podcasters. Afinal, esse sempre foi o fundamento da distribuição de conteúdo – seja qual fosse – via RSS.
Mas então veio o Spotify. A empresa sueca mudou tudo quando decidiu, a partir de 2018, tornar-se “a plataforma de áudio número 1 no mundo”, nas palavras de seu próprio CEO. Com quase 1 bilhão de dólares em investimentos em aquisições de empresas e produções originais, o Spotify fez sua participação como distribuidor de podcast aumentar rapidamente, beliscando a liderança da Apple em muitos mercados. O Spotify afirma que o consumo de podcasts na plataforma cresce 3 dígitos ao ano e, para muitos ouvintes, já se tornou sinônimo desse tipo de conteúdo.
Esse apetite é visto com certa desconfiança por muitos criadores de conteúdo e produtoras independentes. Afinal, aprendizados com o mercado de vídeo online mostram que uma única plataforma (o YouTube) ditando as regras pode ser perigoso, tanto do ponto de vista financeiro como da curadoria e promoção de conteúdo. A guerra do streaming de áudio, porém, está só começando e o cenário já parece bem mais acirrado.
Atualmente, Spotify diz ter 300 milhões de usuários, dos quais 134 milhões pagam pelo serviço. O Amazon Music acumula 55 milhões de assinantes, encostado no Apple Music, com 60 milhões de assinantes, segundo os últimos dados divulgados pelas empresas.
A flutuação desses números pelos próximos meses vai nos ajudar a entender o que significa, de fato, ser e/ou comprar um conteúdo exclusivo, como isso afeta ouvintes e produtores independentes, de qual modelo virá o dinheiro pra remunerar criadores e se ainda dá pra chamar de podcast um podcast que não tem RSS.