14 anos depois de banir primeiro filme, Cazaquistão adota o “Very nice!” de Borat para divulgar turismo nacional
Campanha foi desenvolvida a passos rápidos para aproveitar o lançamento da continuação, "Borat: Fita de Cinema Seguinte", e estimular o turismo em tempos de crise
A história é conhecida: no distante ano de 2006, o Cazaquistão tomou como pessoal as piadas de “Borat” e baniu o filme de qualquer exibição no país. A situação foi um caos e teve de tudo, de ameaça de processo sobre Sacha Baron Cohen pelo retrato distorcido da cultura nacional a um anúncio de quatro páginas no New York Times do governo autoritário buscando “defender” sua honra perante as “acusações” do longa do quarto jornalista mais popular da região.
É claro que casos assim acontecem ora ou outra no cinema – e neste ponto você provavelmente está lembrando do seu professor da faculdade ou colégio contando de “Laranja Mecânica” – mas o que talvez ninguém esperava é que catorze anos depois o país iria seguir na via oposta com a sequência, o tal “Borat: Fita de Cinema Seguinte”. Enquanto o filme segue dando o que falar nas redes sociais desde o lançamento na última sexta-feira (23), o departamento de turismo do Cazaquistão divulgou na manhã desta segunda (26) um novo comercial que adota como slogan uma das falas mais conhecidas do personagem: “Very nice!”.
O vídeo no caso é composto de várias chamadas de doze segundos que encenam a mesma dinâmica: a câmera registra um dos belos pontos turísticos do país, corta para um turista soltando o bordão enquanto admira os seus arredores e termina com um plano genérico de natureza com os dizeres “Cazaquistão. Muito legal!”. Confira acima na íntegra.
Como é de se esperar, a campanha surgiu na esteira do anúncio súbito da sequência e busca aproveitar a nova atenção do grande público sobre o país. De acordo com o New York Times, a proposta foi apresentada ao departamento de turismo há duas semanas e foi imediatamente aprovada – uma resolução auxiliada pelos efeitos da pandemia na economia do país, é claro. Procurado pelo jornal, o gerente da divisão e deputado Kairat Sadvakassov escreve que “Em tempos de Covid, quando os gastos com turismo estão paralisados, foi bom ver o país mencionado na mídia mais uma vez”, mesmo que não sendo da forma mais simpática possível, e acrescenta ainda que o governo “adoraria trabalhar com Cohen, ou talvez até permitir a ele gravar um filme aqui”.
Enquanto os responsáveis pela criação dos comerciais, Dennis Keen e Yermek Utemissov, dizem que o país agora é uma nação globalizada e que isso ajuda muito o governo a entender o filme como uma sátira maior que uma ofensa cultural, Baron Cohen já fez questão de comentar o caso ao NY Times. “Eu escolhi o Cazaquistão porque era um lugar que quase ninguém nos EUA conheciam algo sobre, o que nos permitiu criar um mundo louco, engraçado e falso em cima. O Cazaquistão real é um país lindo com uma sociedade moderna e orgulhosa, o exato oposto da versão de Borat” declara o comediante.