"Os riscos são grandes demais": Donald Trump é banido do Facebook por tempo indeterminado

“Os riscos são grandes demais”: Donald Trump é banido do Facebook por tempo indeterminado

Mark Zuckerberg confirma que presidente dos EUA terá perfis no Facebook e Instagram bloqueados até que Joe Biden assuma cargo; YouTube e Shopify também tomam ações extras contra executivo

por Pedro Strazza
US-POLITICS-TRUMP
Imagem: US President Donald Trump reacts during a meeting with former US Secretary of State Henry Kissinger in the Oval Office of the White House on October 10, 2017 in Washington, DC. (Photo by Mandel NGAN / AFP)

Os efeitos da postura do presidente dos EUA Donald Trump perante a invasão do Capitólio seguem acontecendo. Depois de ver seus perfis nas principais redes sociais serem bloqueados por 24 horas pouco depois de ter vídeos deletados das mesmas, o executivo agora está banido por tempo indeterminado do Facebook, uma de suas principais plataformas na campanha e administração dos últimos quatro anos. Pelo menos até a inauguração da presidência do candidato eleito Joe Biden, Trump não poderá publicar na rede social, além de não ter acesso ao Instagram.

A notícia foi dada pelo próprio CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, que em seu próprio perfil na plataforma confirma que a manobra vale pelo menos para as próximas duas semanas. “Os eventos chocantes das últimas 24 horas claramente demonstram que o presidente Donald Trump pretende usa o tempo remanescente no poder para minar a transição pacífica e justa para seu sucessor eleito” escreve o executivo; “Nós removemos suas publicações no dia de ontem porque julgamos que seu efeito – e provavelmente sua intenção – poderia provocar maior violência”.

Zuckerberg também comenta que a decisão de restringir o acesso de Trump à conta se dá na esteira da certificação da vitória de Biden pelo Congresso na madrugada desta quinta-feira (7), declarando que “o país deve garantir que os últimos 13 dias e os dias posteriores à inauguração passem de forma pacífica e de acordo com as normas democráticas” dos Estados Unidos. O CEO também discerne a postura de hoje da tomada ao longo dos últimos quatro anos dizendo que “o atual contexto é fundamentalmente diferente, envolvendo o uso de nossa plataforma para incitar uma insurreição violenta contra um governo eleito de forma democrática”.

[ATUALIZAÇÃO: 16h40] Poucas horas depois do Facebook confirmar o bloqueio indeterminado, a Twitch também anunciou medida parecida para o presidente. “Dado as atuais extraordinárias circunstâncias e a retórica incendiária do presidente, nós acreditamos que é um passo necessário proteger nossa comunidade e prevenir que a Twitch seja usada para incitar ainda mais violência” escreve um porta-voz da companhia no anúncio oficial.

O The Verge lembra que a Twitch já havia banido previamente a conta de Trump por promover uma conduta de ódio, numa ação que durou duas semanas de junho de 2020. Além do executivo, a companhia na madrugada desta quinta deletou um emote popular e pertencente ao usuário PogChamp porque o mesmo fez declarações que haviam “encorajado maior violência depois do que ocorreu no Capitólio”, segundo a rede social. [FIM DA ATUALIZAÇÃO]

Você pode ler a publicação de Zuckerberg na íntegra abaixo:

https://www.facebook.com/zuck/posts/10112681480907401

O Facebook não é o único que está tomando ações extras contra Trump. De acordo com o Wall Street Journal, o Shopify derrubou nesta quinta todos os sites de e-commerce da Trump Organization e da campanha do presidente de seu ecossistema, em resposta direta a toda a incitação de violência que o executivo registrou aos apoiadores na invasão ao Capitólio do país. Ao jornal, um representante da empresa diz que o time de confiança e segurança do site determinou que ele violou as políticas da companhia ao promover e apoiar violência no decorrer dos eventos do dia 6 de janeiro.

A ação inclui a TrumpStore.com e a Shop.DonaldJTrump.com, duas das principais lojas online do presidente desde sua campanha em 2016 e que foram responsáveis por vendas em massas de itens como o boné vermelho do “Make America Great Again”. O tamanho do Shopify nos EUA é grande, com o The Verge relatando vendas agregadas da altura de 5 bilhões de dólares só na Black Friday.

Por fim, há o YouTube. Depois de deletar o vídeo publicado por Trump declarando amor aos terroristas e pedindo aos manifestantes que deixassem o Capitólio, a plataforma do Google confirmou nesta quinta que vai restringir temporariamente canais e vídeos que promovam mentiras sobre os resultados das eleições estadunidenses de 2020, com direito a strike automático (o qual desabilita a publicação) aos donos que criarem conteúdos com o tema, com mais vindo caso aconteça reincidência – é bom lembrar, bastam três pro canal ser deletado em definitivo.

A decisão representa um passo extra na resolução tomada pela companhia no despertar da apuração inicial da votação, quando anunciou que apenas removeria os vídeos com desinformação sobre o processo democrático e a vitória de Biden. Havia inclusive uma cordialidade de permitir que os canais continuassem publicando sem tomar strikes, de acordo com a instituição de novas políticas na rede social e que estava previsto para expirar em 21 de janeiro, primeiro dia de Biden como presidente.

As opções de Trump no mundo digital estão acabando.

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