Regulador no Reino Unido considera venda do Giphy ao Facebook desleal à concorrência
Autoridade de Competição e Mercados acredita que negócio prejudica terceiros nas redes sociais e na publicidade e pode forçar Facebook a vender plataforma
Uma decisão da Autoridade de Competição e Mercados do Reino Unido (CMA) divulgada nesta quinta-feira (12) classifica como potencialmente desleal a aquisição do Giphy pelo Facebook e pode colocar em risco o negócio anunciado em maio pelas partes. De acordo com o documento, o órgão regulador tem suspeitas de que a compra da plataforma de GIFs pela empresa de Mark Zuckerberg pode impactar de forma negativa a competitividade entre redes sociais, após a condução de uma investigação minuciosa sob o acordo.
A CMA chega a definir com todas as palavras que a posse do Giphy pelo Facebook pode levar ao bloqueio do acesso à plataforma por outros e ainda mexe com o mercado de publicidade, conforme o provedor planejava expandir seu negócio de publicidade via GIFs para mais países (incluindo o Reino Unido) antes de ser adquirido – e o novo dono ainda encerrou o segmento de parcerias de publicidade no formato logo após a compra. Para piorar, o órgão acredita que o negócio torna o Facebook dono de cerca de 70% das atividades no meio, com pelo menos 80% dos usuários usando uma vez ao mês seus serviços.
A questão maior, porém, é mesmo o acesso de terceiros aos serviços da empresa. “Milhões de posts todos os dias em rede sociais incluem um GIF. Qualquer redução na escolha de qualidade destes GIFs pode afetar de forma significativa a forma como as pessoas usam esses sites e se elas vão ou não mudar para uma plataforma diferente, como o Facebook”, escreve a autoridade no comunicado; “Como a maior parte dessas redes sociais que competem com o Facebook usam GIFs do Giphy e só há um outro grande provedor de GIFs – o Tenor do Google – essas plataformas não tem muita escolha”.
A CMA não é a primeira entidade a mostrar preocupação com a compra do Giphy. Desde que o Facebook confirmou o negócio por US$ 400 milhões com interesse na integração com o Instagram, reguladores nos EUA e na União Europeia submeteram acusações de prática antitruste por suspeita de monopólio nas redes sociais e na publicidade. A questão naturalmente se estende a todo o Vale do Silício – o próprio Reino Unido move processos de investigação sob os negócios de nomes como o Google e a Apple, por exemplo.
Enquanto a autoridade diz que espera respostas oficiais até o dia 2 de setembro e pretende divulgar um plano de ação em 25 de agosto, um porta-voz do Facebook escreve ao Engadget que a empresa “não concorda” com os resultados preliminares da CMA e afirma que a compra está “no melhor interesse das pessoas e negócios” no país.