Pesquisa revela que negros recebem metade da remuneração de brancos no mercado publicitário
Sem surpresas: mulheres negras possuem os piores salários, e os homens brancos, os melhores
O estudo Sustentabilidade Racial: Dados e estatísticas sobre a população negra no Brasil, divulgado pela Exame, aponta que a população negra é minoria em todos os cargos do setor publicitário no Brasil. Além disso, negros recebem um salário menor, revela a pesquisa com recorte específico para a área de publicidade e propaganda.
A fim de dar visibilidade para o tema da desigualdade socioeconômica sob a perspectiva racial, a iniciativa leva em conta três tópicos para analisar a desigualdade: diferenças no número de colaboradores, diferenças salariais e índice de desequilíbrio racial.
“Começamos por esse setor por dois motivos: o Ministério Público do Trabalho desenvolve um projeto para mudar o cenário atual, e por ser o setor é responsável pela criação e reprodução de diversos estereótipos raciais e de gênero”, diz Michael França, pesquisador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper e coautor da pesquisa.
No setor publicitário brasileiro, os negros são minoria em todos os cargos. Apesar de o índice ser desanimador, a situação tem alguma melhora, já que há um aumento de 10% entre os colaboradores que não fazem parte da alta gestão ou dos cargos estratégicos nos últimos anos.
Em média, uma mulher negra recebe 45% da remuneração de um homem branco. Homens negros também estão em desvantagem, já que recebem apenas 54% de um homem branco que executa uma mesma função. Já no caso das mulheres brancas, estas recebem cerca de 81% do que um homem branco recebe.
A desigualdade vem sendo combatida desde o médio da década de 2000, e entre 2006 e 2010 houve uma significante redução de desigualdade salarial. Na última década, porém, os índices voltaram a piorar, e o momento mais crítico foi em 2017.