Cannes Lions 2022: “colaboração” é a palavra mais vista, falada e ouvida no festival este ano
E ninguém deseja mais parcerias tranquilas: são relações que muitas vezes tiram anunciante e agência de suas zonas de conforto - pelas razões certas
CANNES, FR – Já faz tempo que a gente ouve falar essa palavrinha de 11 letras.
No começo, ali pelos idos de 2013, ela chegou disfarçada de co-criação (essa expressão inclusive deixava muita gente de agencia de cabelo em pé). Falava-se muito em maneiras de deixar os clientes e as plataformas “entrarem mais na cozinha” das agências – e para muitas delas , a perspectiva de te-los juntos no processo criativo la atrás não parecia ser algo positivo.
Quase dez anos depois, caminhando pela Croisette (a avenida em que esta o Palais des Festivals e as casas e praias das plataformas), quase tudo o que eu vejo, escuto e experiencio inclui algum tipo de colaboração – seja entre marcas, entre creators e marcas, entre tech partners e agências, entre todos ao mesmo tempo. A verdade é que está todo mundo junto e misturado – e é muito interessante ver como ao contrário do que aquelas agências antigas pensavam, os resultados sao absolutamente incríveis.
Alguns exemplos que a gente vê por aqui são:
- Vogue e Snapchat fazendo uma exposição sobre a história da moda no espaço deles
- Gucci e Adidas vendendo uma coleção que e uma collab das duas marcas (e a Gucci esta usando o poder das collabs com marcas como Snapchat, North Face, Balenciaga, e outras pra rejuvenescer sua marca com grande sucesso)
- Microsoft compartilhando um espaço na Inkwell Beach com varias agências – Wieden + Kennedy, Leo Burnett e FCB
- Paris Hilton e Gary Vee falando sobre NFTs no lineup do festival
- …e a lista poderia continuar e render muitas páginas de exemplos.
Além de notar essa grande mudança em todos os lugares por aqui, me chamou atenção ouvir agências e anunciantes falando no palco do Palais sobre o tipo de colaboração que traz bons resultados, sejam eles de negócio, de reputação ou criativos. Palestrantes da Pepsi e do McDonalds vieram ao palco falar sobre como as relações deles com suas agências são simbióticas, orientadas para o sucesso do trabalho e para a remoção de obstáculos que os atrapalhem. Longe de serem parcerias “tranquilinhas”, essas relações muitas vezes tiram anunciante e agência de suas zonas de conforto – pelas razões certas.
E por fim, vale falar sobre um outro impacto de tantas colaborações – o que chamamos de “drop culture”. Este tem sido um caminho que muitas marcas tem usado para aumentar o desejo por seus produtos (ja que eles são lancados em edicoes limitadas), sua frequência de consumo e o engajamento com seus consumidores atuais e potenciais. Aprendamos, portanto, a fazer isso bem com as marcas de moda: elas estão ditando tendência, como sempre, mas pra além da indústria fashion.