SXSW 2019: O mercado da beleza em um mundo cada vez mais consciente de sua diversidade
Palestra ressaltou a importância e os desafios das marcas de cosméticos para abraçar a ampla variedade da sociedade em seus produtos
Pela primeira vez o que mais tem me impressionado no SXSW é que a enorme quantidade de informação que recebemos por dia, nos mais diferentes tracks e temas, de alguma forma se conecta num fluxo que não sabemos onde vai parar – só sabemos que não vai parar!
Percebi isso de forma muito evidente ao sair de painéis sobre os temas interatividade e política para assistir ao painel “Blurred Lines: Beauty in a Gender Fluid World” no track Beauty em busca de informação para aplicar ao programa “Superbonita” do GNT. E o que eu encontrei? Interatividade e política, além de beleza e – é claro – umas coisinhas a mais também.
Os quatro participantes do painel falaram da mudança do conceito de make a partir da geração Z e Alpha, que estão muito expostas à internet onde se permite ser o que se quer ser – ou pelo menos a imagem do que se quer ser. Esta geração de meninos e meninas com até 15 anos usa as cores e brilhos da make em seus rostos e corpos e se mostra dessa forma em suas redes sociais para se sentir bem na sua pele e não se esconder. Assim, a make pode ser vista como ato de expressão e, quanto toca na questão de gênero (seja cis, trans, fluido ou outro), também como ato político. Essa geração daqui a 10 anos, quando tiver 25 anos e tiver ainda mais autonomia como consumidores, vai transformar radicalmente o mercado da beleza.
Também podem ser visto como política as mudanças no mercado de make a partir da influência do estilo queer, cada vez mais amplo e em destaque. Foi lembrado na palestra de quando RuPaul foi contratado como modelo de uma linha de maquiagem da MAC; ele saiu do nicho e além de padrão de beleza virou também padrão de comportamento.
O mesmo aconteceu quando a MAC foi a primeira empresa a criar diferentes cores de base para diferentes cores de pele. Um avanço, não só de tipo de produto, mas , sem dúvida, de posicionamento político.
Além da make sem gênero, que veio após a moda sem gênero e que pode ser usada tanto por homens quanto por mulheres, há hoje também cada vez mais forte o make para que homens usem como auto cuidado. Aqui entra aquele tipo “no make up make up”, onde os homens podem usá-la para parecerem menos cansados, disfarçarem olheiras, tirar brilho da pele ou outro probleminha que preferem disfarçar. Tem make pra todo tipo de uso para homens e mulheres.
E vamos lembrar também que as mulheres, impulsionadas pelas novas gerações, têm usado cada vez mais a maquiagem como forma de afirmação e poder – se colorir também é um ato feminista dentro do conceito “meu corpo, minhas regras”. Tem algo mais poderoso do que usar um batom vermelho quando quiser? É para si e não para os outros que a mulher se pinta.
Se há alguns anos atrás a maquiagem tinha unicamente como finalidade que as mulheres se aproximassem de um único padrão de beleza, hoje, sem dúvida, ela reflete e multiplica os padrões, independente do gênero. O que importa é que se seja autêntico, que se use o que quiser, quando der vontade, da cor e com o brilho que escolher, com as marcas respeitando os consumidores e fazendo do negócio uma causa também – uma causa linda e colorida, aliás.