Não é uma ação, mas poderia ser. Entrevista com Túlio Bragança, o homem por trás de Pagodeversions
A eterno debate do viralzinho ganha mais uma peça importante.
Nem vou chover no molhado dizendo que viral não é criável.
É até possível criar coisas com humor ou elementos atrativos o suficiente para que tenha algum POTENCIAL viral. Mas quem promete, mente.
Com isso na cabeça, pegamos aí o caso do Túlio, que se apropriou de uma brincadeira que todo mundo já fez, até o Lulu Santos (haha) e traduziu da forma mais literal do mundo, para o inglês, os pagodes mais chicletes que já passaram por aí.
Fiquei aqui pensando: se foi espontâneo, ótimo. Se não foi, o cara entendeu bem como funciona o meio e a comunicação, porque pô, a idéia tava ali quicando há anos e ninguém tinha feito ainda. Sei lá, se não é uma ação, poderia ser.
Por enquanto são 5 vídeos com marcas de acessos em 1500 views em 3 dias. No Twitter a coisa foi que foi. No YouTube as pessoas comentam e pedem músicas.
Então fui ali no Twitter tirar a prova dos nove. Te sigo ali, me segue de lá, e pronto.
Com vocês, Mr. Pagode Versioner, Túlio Bragança:
Zannin – B#9: Oi Tulio. Olha só: não queria uma entrevista com perguntas e respostas duronas, mas por email não tenho muita alternativa né. Então vamos lá:
Vi no Twitter que você é redator. Pagode Versions foi uma ideia pensada pra ser viral ou foi pensada pra ser uma farra que caiu no gosto do povo?
TB: Pagodeversions nasceu como uma piada interna, que estou descobrindo ser bem maior do que imaginava. Não esperava ver tanta gente se identificando com esses sucessos suingados dos anos 90.
Zannin – B#9: E o que rolou de resultado? Quase 20 mil views nos seus vídeos, entrevista no B#9 (hehe) e o que mais?
TB: Rolaram entrevistas em sites, jornais, revistas, vários posts em blogs que nunca ouvi falar, um possível contrato para comercializar música para celulares, um tweet do vocalista do Exaltasamba dizendo que curtiu a versão para “Me apaixonei pela pessoa errada” e e-mails de duas ex-namoradas.
Zannin – B#9: Alguma marca já lhe procurou tentando fazer campanha contigo?
TB: Um amigo publicitário de Curitiba pediu para usar um pagodeversion num anúncio da Rádio Rock de lá, mas não sei como terminou essa história ainda.
Zannin – B#9: Como você divulgou seus vídeos? Já era um usuário das redes sociais? Onde o Pagode Versions já está presente?
TB: Divulguei basicamente pros amigos no twitter e facebook. Depois da terceira música vi que os retweets aumentaram bastante. Uso bastante redes sociais, tenho até uma camiseta original do Orkut que ganhei por participar de um focus group deles em 2005! hahaha Pagodeversions só está no Orkut, estou pensando em fazer alguma coisa no Facebook e um MySpace. (Nota do editor sobre a camiseta do Orkut: o.O)
Zannin – B#9: Pensa em fazer um site?
TB: Quero ver até quando vai durar toda essa doença, mas estou pensando sim. Se alguém quiser ajudar avise por favor!
Zannin – B#9: O que os seus fãs podem esperar como sequencia no repertório? Quanto tempo demora pra fazer uma versão dessas?
TB: Podem esperar o melhor dos clássicos do pagode, até mesmo das bandas ‘One hit wonders’. Quem sabe mais pra frente eu abra o leque musical e saia do pagode. Cada versão leva umas 2 horas para fazer no fim de semana. A letra sai tranquilo, o complicado mesmo é eu aprender a tocar.
Zannin – B#9: E shows, já rolou algum convite?
TB: Houve um convite para tocar com o bloco/banda Exalta Rei no Rio de Janeiro. É uma pena que não rolou de ir, mas estou analisando qualquer coisa que aparecer.
Zannin – B#9: Sobre publicidade… Quais são os ditos “virais” que mais lhe marcaram?
TB: Gosto bastante dos que o Burger King fez: “Whopper Virgins” e “Whopper Freakout“. São sensacionais. Como trabalho com TV, acabo ficando mais por dentro do que os canais fazem.
Achei ótimo esse novo do FlashForward que usa suas informações e fotos do Facebook e também uma do Dexter que o FX inglês fez, que você personaliza com infos do seu amigo e diz que ele vai ser a próxima vítima. Reproduzimos aqui para a América Latina, adaptando a ideia a um orçamento quase zero e conseguimos um resultado bem bom.
Zannin – B#9: Qual foi o maior viral FAIL na sua opinião (desses que as grandes marcas fazem achando que vai dar certo?)
TB: Não sei se são exatamente virais, mas as primeiras coisas que vem na minha cabeça são:
– O FAIL total da “Marisa Monte lê meu blog”, onde qualquer um podia embedar o video dela dizendo que lia tal blog, mesmo que você tivesse um especializado em pedofilia.
– E claro, o da Skol – Redondo é rir da vida, que além de ser sem graça (como metade dessa moda de stand-up comedy), ficou ainda pior pois eles não souberam como lidar com a paródia inteligente e sensata feita pelo Ronald Rios.
Zannin – B#9: O último YouPIX foi sobre virais. Eles chegaram a uma enorme conclusão sobre elementos que devem conter num vídeo para que ele seja viralizado. O que você acha precisa existir para o vídeo ter esse potencial?
TB: Posso tentar filosofar e teorizar sobre o pagodeversions para responder isso. Para mim funcionou porque é uma grande piada interna. Só acha graça quem viveu essa febre do pagode, tem essas músicas na lembrança e, além disso, manja um pouco de inglês, o suficiente para entender que a tradução está mal feita. Ou seja, fala direto para um público. Minha mãe não entende, os meus amigos argentinos também não. Talvez seja isso: fazer que as pessoas sintam que é uma piada interna só pra elas.
Túlio Bragança mora em Buenos Aires há quase 4 anos, onde trabalha no Departamento de “Creative Services” da Fox Latin American Channels, junto com outro brasileiro, André Takeda. É o departamento que cuida da imagem na tela de todos os canais do grupo, mas também temos uma mãozinha em web e mídias sociais.
Nesse papo super legal por email, ele ainda manda um mínimo de auto-promoção e mandou essas 3 chamadas que ele compôs e cantou pro “Family Guy”. O do Brian, o mais legal na minha opinião:
Peter: http://www.youtube.com/watch?v=qVBEcAYnRtk
Stewie: http://www.youtube.com/watch?v=JyzfTK92LQE
É isso. Obrigado Túlio e obrigado leitor por chegar ao final do texto. :)