Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles | Genesis ExtraTerrestres

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles | Genesis ExtraTerrestres

por Fábio M. Barreto
Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles | Genesis ExtraTerrestres

Battle

Há muito tempo, numa Hollywood muito distante, diretores como Steven Spielberg e George Lucas pensaram em extraterrestres inusitados e tinham duas opções: bonecos com movimentos ou pessoas fantasiadas. Assim nasceram ET e a fauna alienígena de “Guerra nas Estrelas”, ícones cinematográficos e, acima de tudo, bases fundamentais do legado do gênero Ficção Científica.

Esse esquema se tornou mais jurássico que o filme de Spielberg com a ascensão dos efeitos computadorizados, cujo último grande exemplo foi “Distrito 9”, de Neill Blomkamp. A concorrência não pensou duas vezes e agora é a vez de “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”, dirigido por Jonathan Liebesman, entrar em cena com novos alienígenas e tecnologias, mas não é a última vez que veremos esses seres nesse ano, pois, em junho, a TNT estréia a série “Falling Skies”, com Noah Wyle.

Fallin Skies

O Brainstorm 9 conversou com Blomkamp, Liebesman e o pessoal do seriado para entender como nascem os alienígenas da era moderna.

Referência em cena, contraste adequado, encaixe perfeito com atores e cenários reais… muitas são as dificuldades envolvidas na criação de alienígenas na era da pós-produção computadorizada. Ou melhor, obstáculos a todas as produções com forte presença de CGI, porém, quem vive na pela concorda com um elemento básico: pré-produção é a chave.

“Gastamos boa parte do orçamento no desenvolvimento dos personagens e quase estragamos tudo ao ficar seis meses nesse estágio”, comenta Neill Blomkamp, que não confirmou, mas provavelmente levou muitas broncas de Peter Jackson ao ter pirado nos conceitos de seus ETs “camarônicos” em “Distrito 9”.

District 9

O alien-camarão de Distrito 9

“É muito fácil ficar mudando, alterando e aprimorando. Só que o custo dispara e não há muito retorno efetivo, pois estamos falando de apenas um elemento”.

Esse cuidado extremo, ou risco orçamentário, tem razão de ser e é tudo culpa do espectador. Cada vez mais exigente e envolvido nos processos de produção, esse sujeito é capaz de apontar defeitos e, acima de tudo, perder a conexão com o filme imediatamente caso a combinação não seja satisfatória. É como se houvesse uma aura anti-fake assombrando o cinema, ou se escracha e vai para o filme B ou a coisa precisa ser perfeita.

“Sabe o que é gastar um tempão para desenvolver um visual e aí quando avançamos para o estágio das esculturas físicas a criatura fica horrível? Frusta e aí é tempo jogado fora”, explica Jonathan Liebesman, diretor de “Batalha de Los Angeles”, que já está filmando “Wrath of Titans”, continuação da pataquada 3D “Fúria de Titãs 2010”.

“É preciso tomar cuidado com impressões no computador; muita coisa parece legal na telinha, mas quando ganha volume e textura no mundo real pode não funcionar. Por isso procuramos gastar mais tempo em idéias mais definidas [com boa resposta na forma física] do que na mesa de desenho”.

Tal mecânica é possível graças a uma impressora cada vez mais fundamental nos estúdios de animações ou fortes elementos CGI, ela imprime [ou constrói] um modelo 3D em resina colorida com 99% de semelhança com o modelo virtual. Assim fica fácil, não é?

Battle

Produção em resina do alien de Batalha de Los Angeles

O processo de desenvolvimento de personagens alienígenas, ou elementos CGI, é o segundo maior consumidor de verba, perdendo apenas para a filmagem em si. “Uma coisa que acontece nessa fase é a programação de cada cena envolvendo o elemento, seja no storyboard ou no previz [pré-visualização] e maior parte das mudanças acontece; muitas delas tão radicais que inviabilizam o restante, seja num visual descartado ou numa opção melhor para obter certo efeito que, por exemplo, pode tornar um processo anterior obsoleto”, lembra Liebesman.

“Nossos alienígenas precisavam se incorporar no cenário urbano de forma realista, como soldados numa guerra real. Não queria ver os atores atirando em efeitos ruins, como poderia cobrar aceitação da platéia se os bichos fossem toscos? Seria irresponsabilidade”, diz.

Battle Battle

Arte conceitual de Paul Gerrard para Battle: Los Angeles

E do assunto Liebesman entende, afinal, foi debaixo de sua supervisão que, aparentemente, a os irmãos Greg e Colin Strause [donos da empresa de efeitos Hydraulx Filmz] usaram os mesmos recursos de “Batalha de Los Angeles” para produzir “Skyline – A Invasão”, um dos piores filmes do universo!

Por mais complexa e custosa que pareça, a criação dessas figuras tem dois espectros: as produções milionárias e as menos abastadas. É o caso de “Falling Skies”, série da TNT que usa e abusa do nome de Steven Spielberg como produtor executivo, mas tem orçamento modesto perto dos US$ 100 milhões de “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”. E se a ocasião faz o ladrão, a falta de dinheiro inspira criatividade, tanto é que a abertura do piloto de Falling Skies não mostra os extraterrestres, mas sim os desenhos de jovem sobrevivente.

“Demos muita atenção ao desenvolvimento, mas uma decisão conceitual tirou o peso das criaturas em si, especialmente no piloto de duas horas e nos seis episódios subsequentes”, conta Robert Rodat, produtor executivo e roteirista. Essa decisão é curiosa, pois, em vez da habitual criatura – gosmenta, ou não, dependendo do cliente – a série optou por invasores mecanizados. O alienígena existe, mas, em princípio, usa uma armadura bem parecida com o ED 209, do primeiro “Robocop”.

“Pensamos muito na construção de um mundo pós-apocalíptico, ou seria pós-alienígena?, não necessariamente nos ETs, eles foram um elemento dentro de um processo de desenvolvimento de larga escala”.

Vale lembrar as diferenças entre as demandas de TV e cinema. Num filme, tudo precisa estar pronto antes do início das filmagens, já na TV, é possível mostrar evolução de conceitos dramáticos e também de CGI em intervalos maiores.

“Quando se encara uma série de TV, os efeitos têm que ser usados com moderação; produtores infelizes normalmente resultam em séries canceladas”, avalia Rodat, que só responde a Spielberg na hierarquia de “Falling Skies”. “Temos um elenco grande e o ponto de vista é deles, não nas criaturas em si, logo, nosso escopo vai além do realismo dos ETs. Ele estará lá – Spielberg não aceitaria de outra maneira – mas sem a presença constante de um blockbuster cinematográfico.”

Com ou sem dinheiro, “Distrito 9”, “Batalha de Los Angeles” e “Falling Skies” chegaram numa conclusão estilística similar: criaturas bípedes e com forma insetóide. Nem é uma questão de a vida imita a arte, afinal, tudo isso para chegar no “ideal alienígena” do momento, mas sim uma curiosa aplicação do ditado: a ordem dos Star Destroyers não altera o alienígena!

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