Eu sou legal, eu leio quadrinhos
Todo fã de quadrinhos trintão carregou desde a adolescência o estigma de meninão que não consegue viver 100% no mundo real, que não larga os hábitos que carrega desde criança, acumulador de papel, doente que plastifica revistinhas e afins. Se bem que hoje em dia tá bom pra gente, é cool ler gibi, é finalmente uma arte reconhecida, embora ainda haja um desdém da crítica com o universo dos super heróis e a maioria fale apenas em Graphic Novels. Mas, enfim, a crítica é boba, feia e faz xixi na cama.
Duas vantagens substanciais dessa aceitação é ter mais gente com quem falar sobre gibi e as fontes de quadrinhos legais no mercado brasileiro irem além de produtos de EUA/Inglaterra ou das coisas do Mauricio de Souza. Chovem Manara e Crepax em qualquer livraria de esquina. Isso é um mundo de sonhos pra quem, como eu, tem os cartunistas como real referência de conteúdo. De Millor a Angeli, de Crumb a Joe Sacco, passando por Schulz (o maior de todos) e Quino, a linguagem de tudo que faço, os olhos com que observo o mundo – visão essa que, inclusive, desemboca nos posts aqui no B#9 – vem disso: tirinhas, gibis, novelas gráficas, charges, cartuns e ilustrações. Minhas referências, embora ame literatura, música, TV e cinema, vem bem menos dessas áreas.
Quero frisar nesse post os artistas que despontam nem tão agora, mas que trazem um frescor nesse momento legal de atração crescente com os quadrinhos, gente que têm muito mais exposição, relevância e lucidez de mercado já no brotar da fama. Considero uma arrogância necessária e saudável essa das pessoas darem dicas de quem ler ou o que escutar e tal, então vou abraçá-la hoje e falar de alguns autores de tirinhas que acho legais.
É bom demais se deparar com um Liniers da vida. Argentino de traço divertido, texto nada raso e graça irresistível. Um dos meus preferidos no momento.
Outros que adoro, e brasileiros, são os irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon. Subvertem totalmente a escola das tirinhas de humor, fazem arte de temática existencial em escala comercial. Fora os desenhos, que são de cair o queixo na sopa. Incríveis.
E, falando em “novatos”, não dá pra não citar João Montanaro, também brasileiro, moleque de tudo, menos no trato com o traço e nas letrinhas que vão nele. Fueda.
Um cara que nem é novo no mercado, mas que tá ficando “famoso” de verdade agora: Allan Sieber. É Tudo Mais ou Menos Verdade, embora seja um frankenstein de trampos do cara, é livro de cabeceira pra mim.
Eduardo Medeiros deve ser mais desconhecido do grande público, mas é incrível, autor da maravilha Sopa de Salsicha.
E você, curte desenhos, gibis, tirinhas e congêneres? Quam adicionaria a essa escalação?