Pizza em dia de semana
Se você, leitor, não trabalha no mercado publicitário, talvez este post fique um pouco longe da sua realidade. Mas uma coisa que está em discussão há algum tempo na nossa área é a divisão entre a vida pessoal e a vida profissional de um publicitário que trabalha em agência.
Para se ter uma ideia de como as coisas funcionam em geral:
| Em outras profissões, a jornada de trabalho é de 8 horas + 1 hora de almoço. A de um publicitário não costuma ter regras.
| Em outras profissões, quando emergências acontecem e é preciso trabalhar um pouco além do normal, ganha-se hora extra ou banco de horas. Um publicitário costuma ter mais emergências assim, e às vezes ganha um “obrigado” por ficar além do horário.
| Em outras profissões, costuma existir uma hora certa para entrar no trabalho. Um publicitário chega no trabalho entre 9h30 e 10h30; ou mais cedo, ou mais tarde. Depende de muitos fatores.
E nisso de “depende” foi que a coisa começou a desandar de vez. Quem chega tarde tem que sair mais tarde -> mas se é pra sair tarde, pra que correr durante o dia -> já que saiu tarde, nada mais justo do que no dia seguinte chegar tarde -> e quem chega tarde… Pra completar, em agências as pessoas trabalham de verdade em equipe, ou seja, o trabalho de um normalmente depende do outro. A teoria do “vou chegar mais cedo, adiantar, fazer a minha parte e sair num horário melhor” não costuma funcionar.
Então tá, temos um cenário: publicitários tem horários flexíveis e em geral ficam mais tempo no trabalho. O contraponto a isso é a tendência de fazer do ambiente da agência um lugar cada vez menos formal, onde as pessoas se sintam mais à vontade. Por isso que nas agências são raras as pessoas que trabalham de terno e gravata, que não podem trocar o sapato por um tênis, que não tenham em suas mesas objetos pessoais de decoração ou brinquedos, que não possam deixar o “seu espaço” com o “seu jeitinho”. Resumo: deixamos o tal cenário mais descolado!
E daí, se a Discovery Channel fosse fazer um documentário sobre essa espécie em proliferação, falaria sobre Determinismo. E diria que estão tão adaptados ao ambiente que os amigos são os colegas de trabalho, a diversão normalmente envolve assuntos de trabalho, as férias (quando se tem) são para inspirar e buscar tendências aplicáveis ao trabalho. “Trabalhar para ganhar dinheiro e viver bem” é um conceito ultrapassado, já que as prioridades muitas vezes se inverteram.
Tanto que algumas agências já estão se estruturando a partir desse cenário. Um bom exemplo para ilustrar toda essa discussão é o vídeo da Agência Casa.
Ele divide opiniões, sendo quase mais polêmico que mamilos. Tanto que a Agência Luccaco fez um vídeo mostrando também como é o ambiente por lá:
Quando eu comecei a trabalhar em agência, época de pouquíssimas noites bem dormidas, foi muito comum eu virar a madrugada trabalhando com mais um monte de gente. Era divertido e, no outro dia, ficava aquele sentimento heróico de “Sou foda! Salvei o mundo!” Hoje, além de não ter mais o mesmo pique, tenho uma idéia um pouco diferente e até mais complexa sobre o assunto.
Mas antes de falar qual a minha, queria saber de você: qual a sua opinião?
(dica do vídeo: @eduardoduccigne)