GUEST9: O que o nosso futebol deveria aprender num estádio de baseball
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Oliver So é redator e sócio da agência dále ideias, em São Paulo.
Há pouco tempo, fui ao Yankee Stadium assistir New York Yankees x Toronto Blue Jays pela Major League Baseball. Pra quem não conhece o esporte, vale uma breve explicação.
O jogo é dividido em 9 innings – entradas, em português. Um dos times rebate enquanto o outro se defende. Quando 3 jogadores do time que rebate são eliminados, invertem-se as posições e o time que estava defendendo passa a rebater. Quando 3 jogadores deste time são eliminados, acaba um inning. E é aí que eu quero chegar. Entre um inning e outro, há um pequeno intervalo, de poucos minutos, para os times trocarem de posição.
Cada intervalo desses é um acontecimento. Pelo telão do estádio, o time da casa aproveita para dar uma grande exposição aos patrocinadores. E, por mérito da agência e/ou do Yankees e também do patrocinador, a torcida vibra muito. Eles usam o telão para fazer jogos, entreter o público e, de quebra, colocar a marca ali, de um jeito mais atrativo.
Por exemplo, perguntas de múltipla escolha. Um ídolo atual dos Yankees aparece e faz uma pergunta relacionada ao time: jogadores históricos, grandes conquistas etc. Aparecem as alternativas. Duas pessoas da produção já estão no meio da torcida com uma câmera e placas com as alternativas. O resultado, é algo assim.
Outra legal é um patrocinador que fazia uma ação para dar um upgrade de assento para o próximo jogo. O torcedor escolhido era apenas filmado e colocado no telão. Vibrava muito. Também haviam brincadeiras mais simples, sem prêmios, como uma seleção de poses de torcedores fortões. Óbvio que todo mundo que aparecia mostrava o muque e dava risada. O estádio todo dava risada. E a marca ali, entretendo as pessoas.
E o nosso futebol? O que fazem no intervalo? Nada! Ok, eles têm pelo menos 8 intervalos e tecnologia e estrutura pra fazer muito mais. Sobre os intervalos, tudo bem, mas nós temos 1 com tempo suficiente pra fazer muita coisa. E, sobre estrutura, alguém tem que começar a girar a roda. Ou investindo por conta própria para vender o espaço ou já vendendo o projeto para algum patrocinador. Hoje, como o torcedor passa o tempo de um intervalo de futebol? Conversando com amigos/família, comendo amendoim, ouvindo comentários sobre o jogo no rádio. Desperdício!
Uma vez, em um Campeonato Paulista, a Federação Paulista de Futebol fez uma promoção que levava um telão para o estádio, colocava uma câmera no centro do campo e “sorteava” torcedores para ganharem prêmios. Quem eles filmassem, ganhava. Eu ganhei uma bola de futebol. Nem era uma bola tão boa assim. Mas eu nunca me esqueci desse dia.