O código que ia matar os jornais
Os amigos mais próximos, e quem porventura acompanhe meu Twitter, já devem ter visto recomendações ao livro The Information – o qual, infelizmente, ainda não foi lançado no Brasil. É uma leitura especialmente válida para quem trabalha com ou se interessa por comunicação, para se dar conta de como coisas que hoje consideramos naturais (por exemplo, a ordem alfabética) já foram inovações tecnológicas, de difícil compreensão pra quem vivia à época.
Além disso, também é muito bacana ver como a reação das pessoas a essas inovações se repete e acabamos caindo naquele clichê sobre ser refém da história. Hoje, por exemplo, dei de cara com a seguinte declaração, feita por volta de 1840, em relação à criação do telégrafo de Morse:
Por essa razão, os jornais vão se tornar enfaticamente inúteis. Antecipados a cada momento pelas asas de relâmpago do Telégrafo, eles só podem tratar de “itens” locais ou especulações abstratas. Seu poder de criar sensações, até mesmo em campanhas eleitorais, será muito diminuído – conforme o infalível Telégrafo contradisser suas falsidades tão rápido quanto podem publicá-las.
Tivesse trocado “Telégrafo” por “Internet” e creditado a autoria a algum blogueiro mais hiperbólico e metido a erudito, para explicar o estilo mais rebuscado do texto, alguém estranharia? Suspeitaria se tratar de algo dito 100 anos antes da criação dos primeiros computadores?
É claro que existem diferenças importantes entre o telégrafo e a internet ou as redes sociais, especialmente em questão à facilidade de acesso e o aspecto público das interações. Ainda assim, da próxima vez que virem alguém dar palestra num evento sobre como “isso vai matar aquilo”, podem ser um pouco céticos.