Crowdsourcing, esse desconhecido
A esta altura você já deve ter selecionado mais uma parte do seu disputado cérebro para guardar uma outra definição de ferramenta que vem por aí. O crowdsourcing é um modelo de produção, mas não é assim tão novidade, como vendem algumas empresas. Este mesmíssimo site que vos fala usa o conceito desde sempre. Segundo uma outra notória fonte que usa e abusa das multidões, a Wikipedia, o crowdsourcing usa “conhecimentos coletivos e voluntários” para “resolver problemas, criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias”. Ou seja, a produção “não profissional” de conteúdo, que começou com a popularização das páginas e do acesso na internet, ganhou embalo na Web 2.0 e hoje sustenta a maior parte dos grandes projetos digitais. Me fala aí um conteúdo, fora o Termo de Uso, que o pessoal do Facebook tenha produzido.
Algumas empresas exploram muito bem o recurso. Entre elas o iStockPhoto, que percebeu que, a partir da câmera digital, não era mais questão de qual foto, mas de quantas fotos. Ganha quem procura, com maior repertório, ganha quem produz, mas agora na quantidade.
Para entender a produção pelas massas, é interessante citar a diferença entre cooperação e colaboração. Quando cooperam, duas ou mais partes usam recursos similares, mas têm diferentes objetivos. Elas se ajudam até onde os atingem. Na colaboração, cada parte entra com sua diferente contribuição, mas todos têm um objetivo em comum. Exemplos: os projetos Open Source costumam ser cooperativos e os de conclusão de tarefas, como os de concursos de ideias, colaborativos.
70% do conteúdo consumido vem das multidões
Falando nisso, mal entrou na criatividade e o crowdsouring já gera polêmica. Sites como o Crowdspring, entre outros, fazem o que alguns chamam de leilão de design e chegam a receber dezenas de propostas e oferecer algumas centenas de dólares, em média, por um logo. Destaca também pacotes do tipo “100 nomes para sua empresa ou seu dinheiro de volta”. O argumento de defesa é que, assim como aquele de que um MP3 faz comprar CDs, os designers ganham trabalhos maiores depois. E que o site torna o design mais acessível a empresas pequenas e sem fins lucrativos. A minha opinião vai com a da dona Maria, da barraca de verduras: você recebe o pelo que paga. Mas não dá pra ficar só reclamando: já tem gente fazendo, e muita gente.
O fato é: toda mudança de comportamento traz diferentes tipos de reação. A Jovoto, por exemplo, também trabalha no esquema concurso, mas com alguns extras na ferramenta, e estampa clientes como Coca-Cola e Starbucks. No meio termo, vemos a Mutopo (que está no Brasil), que trabalha, segundo diz, com “Produção Social”, e a novíssima Giant Hydra, montada bem no estilo atual de agência, com o um diretor de criação para os jobs. O Ignacio Oriamuno, falou da Giant Hydra no NBC 2011.
A Mutopo pensou muito bem seu conceito. Vale dar uma espiada no slideshare (telas e áudio em inglês):
Nessa semana, ouvi uma explicação do Luke Beatty, VP do Yahoo!, sobre a nova ferramenta que vai ser lançada em segunda mão no Brasil ate o final do ano, a Yahoo! Rede de Contribuidores, que só existe nos EUA. O Yahoo! vai apostar na criação de conteúdo local, que seja mais relevante, e este vai estar lado a lado com o conteúdo profissional (agências de notícias, veículos). E quem contribuir vai ser recompensado em dinheiro, assim como no modelo americano. Luke e Craig Abruzzo eram os dois sócios da Associated Content, que foi comprada pelo Yahoo e serviu de base para o Contributor Network do portal. Luke diz que cerca de 70% do conteúdo que consumimos hoje vem do crowdsourcing. Não tem mais volta.
Que a unanimidade é burra, todo mundo já sabe. Mas ninguém sabe ainda qual o tamanho da inteligência das multidões. E, principalmente, como lidar com isso. Vale relembrar um projeto criativo absolutamente fantástico que usou muito bem o conceito, aliado à criatividade: The Johnny Cash Project.