O pop magistral de Regina Spektor
Há aproximadamente 2 meses, Regina Spektor divulgou o primeiro single de seu mais recente álbum, e comentei sobre o assunto aqui. Agora que o álbum saiu, All The Rowboats se mostra ainda mais poderosa dentro do contexto do disco.
Sobre o disco, dois adjetivos me vêm à cabeça após ouvi-lo pela primeira vez: sombrio e melancólico.
Parece uma volta às raízes de Soviet Kitsch e Begin To Hope. Em What We Saw From The Cheap Seats, Regina resgatou boa parte de seus maneirismos e experimentalismos desenfreados que estavam tímidos em Far.
E dá gosto de ver uma artista tão solta e segura de si. Sua liberdade melódica impressiona, e ao mesmo tempo em que muitas canções soam belos pops contemporâneos, em alguns momentos revelam uma Regina totalmente soturna e introspectiva.
Firewood é tão erudita que poderia se chamar “Firewood em Dó Menor”. How e Open também exploram a fundo o lado melancólico dessa compositora russa que conquistou seu espaço graças a um talento incomum no piano e na composição.
Regina já pode se dar ao luxo de fazer o que quer, ela conquistou sua independência artística.
Ela produziu um disco absolutamente refinado, sem freios, sem imposições radiofônicas ou compromissos com fórmulas já experimentadas. E, como sempre, a produção é impecável.
Mas vá preparado: o álbum é bem melancólico. São poucos os momentos de alegria. Ne Me Quitte Pas é um deles, e é uma típica popice de Regina. E Oh Marcello traz a moça se divertindo com um sotaque forçado e se permitindo até a ousadia de (ressus)citar a famigerada Don’t Let Me Be Misunderstood, gravada, entre outros, pelo grupo Santa Esmeralda em 1977.
Em Small Town Moon, há uma pequena cidade na mente de Regina. Mas ouvindo What We Saw From The Cheap Seats com atenção, parece haver mesmo o mundo inteiro.
Valeu, Regina.
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