África pela Noruega: Radi-Aid
Se esta fosse a primeira vez que você ouvisse falar sobre a Noruega, o que você pensaria sobre o país?
Lembra-se de todas as campanhas pela salvação dos problemas africanos como o famoso USA for Africa, o Live Aid e as coisas mais recentes como Kony 2012?
O Fundo de Financiamento para Estudantes Internacionais da Noruega (ou SAIH) também considera tais iniciativas nobres, mas se pergunta: é apenas isso o que sabemos sobre a África? Um continente pobre, castigado pelo colonialismo até o século XX e pelas guerras civis desde então, onde as pessoas morrem de AIDS quando não passam fome? Será que a mídia global não se esquece de evidenciar boas iniciativas de desenvolvimento de diversos países, incluindo a castigada região sub-saariana?
Como crítica a este tipo de meia-verdade, eles bolaram uma campanha de ajuda… à Noruega, este país conhecido pelo seu alto índice de desenvolvimento humano, mas que sofre com algo que “mata tanto quanto a fome”: o frio. Assim, os alegres africanos que moram em países tropicais, abençoados por Deus e bonitos por natureza podem ajudar a causa doando os seus aquecedores elétricos para os tristes noruegueses. Nasceu assim o Radi-Aid.
Imagine se toda pessoa na África visse o filme “África pela Noruega” e esta fosse a primeira informação sobre o país que eles tivessem. O que eles pensariam sobre a Noruega?
O vídeo é bem-humorado, com direito a todo o tipo de estereótipo de campanhas pela África. A chamada para a ação é “Coletando aquecedores, embarcando-os para a Noruega, espalhando calor e sorrisos. Diga sim ao Radi-Aid” e o discurso inclui frases como “se ninguém ignora pessoas passando fome, por que ignorar pessoas passando frio?”. No site, você pode obter mais informações e conhecer outras iniciativas semelhantes, como a mobilização africana de ajuda à Suécia.
Será que a mídia global não se esquece de evidenciar boas iniciativas de desenvolvimento de diversos países?
Não há como discordar que a África tem severos problemas e que a ajuda é bem-vinda. Mas concordo com a postura norueguesa: também quero conhecer as coisas boas e reais que se desenvolvem no continente que não sejam apenas bebidas exóticas e safáris. Quero que as escolas e a mídia também nos informem sobre isso. Ou por acaso alguém aqui gosta de explicar a algum gringo desavisado que não vivemos numa selva tropical pulando de cipó em cipó, jogando futebol e sambando nas horas vagas? Diga sim também ao Radi-Aid.
Afinal, se for para ajudar de verdade, argumentam os próprios africanos, que tal discutir um plano de desenvolvimento do continente a longo prazo, com melhores condições de juros, o perdão ou o refinanciamento da dívida externa e a vinda de investimentos diretos?