Brasil, mau humor e publicidade
Antes do post de hoje, gostaria de explicar melhor o que disse ontem. Algumas pessoas entenderam errado ou eu me expressei mal.
Eu sou apaixonado pela publicidade brasileira, e a admiro assim como o mundo todo faz. Depois de Inglaterra e EUA, somos o melhor país do planeta para se trabalhar com propaganda (apesar de que muitos países vêem surpreendendo nos últimos anos, como Nova Zelândia, Austrália e Argentina, só para citar alguns).
Porém, ao contrário de outros mercados, o Brasil está atrasado em adaptar sua comunicação para o novo consumidor que está surgindo. A maior parte das agências sabe disso, mas encontram dificuldade para conseguir clientes que banquem idéias ousadas.
Não é surpresa que os comerciais brasileiros que fazem mais sucesso nem sequer chegam a ser veiculados na TV. Claro que existem marcas e marcas, consumidores e consumidores. Mas muitas marcas hoje em dia mereciam um tratamento melhor do que a mesmice que vemos diariamente nas campanhas publicitárias. E é obrigação nossa reeducarmos esses clientes.
A internet não vai acabar com as outras mídias, mas a internet modifica drasticamente a forma como as pessoas consomem outras mídias. O Brasil é o recordista mundial em tempo de acesso a internet. Em média, cada usuário navegou cerca de 18 horas e 42 minutos durante o último mês de outubro. Isso significa alguma coisa.
O caso Panamericana foi difícil de engolir, como publicitário, como defensor de boas idéias e como consumidor. Isso me lembra uma palestra, em 2004, do Jonathan Harries, vice-presidente executivo e diretor mundial de criação da FCB Chicago.
Na época, Jonathan disse que o conservadorismo e a obsessão por ataques terroristas estavam tornando os americanos muito ranzinzas e mau-humorados, já que se ofendem com tudo, desde o peito da Janet Jackson até o peido do cavalo no comercial da Budweiser. E que isso estaria resultando numa comunicação chata. Segundo ele, o mau-humor dos americanos é um passo pra trás na publicidade.
Espero que isso não afete também os brasileiros, pois uma das virtudes que sempre vendemos por aí, é nossa capacidade de se divertir com nós mesmos e rirmos até nas piores situações.