Série de fotos retrata famoso Hotel Chelsea antes de sua renovação
Um último olhar sobre os quartos onde Kerouac escreveu “On The Road”, Sid matou Nancy e tantas outras histórias
Talvez nenhum outro prédio de Nova York seja tão assombrado e charmoso ao mesmo tempo.
Hotel Chelsea foi onde Sid Vicious esfaqueou sua namorada Nancy até a morte em 1978, e onde o poeta Dylan Thomas morreu de tanto beber em 1950. Mas também foi palco de excepcionais criações como a música Chelsea #2, escrita em um encontro casual entre Leonard Cohen e Janis Joplin em 1974, e os livros que deram vida à geração beat – On The Road por Jack Kerouac, Howl por Allen Ginsberg e Naked Lunch por William S. Burroughs. Uma das mais recentes histórias está no quarto 822, usado como cenário para o livro Sex, da Madonna.
Sabendo que o prédio, construído em 1884, iria passar por uma gigantesca reforma e todos estes históricos espaços e suas atmosferas iriam se perder, a fotógrafa Victoria Cohen passou de 2011 a este ano fotografando tudo o que pode.
A coleção de fotos resultou no livro Hotel Chelsea, que revela seu interior autêntico, intocável e de tanta história.
A quantidade de artistas que passaram por lá não foi por acaso. Philip Hubert, o arquiteto que deu vida ao hotel, era socialista e, influenciado pelas ideias do filósofo Charles Fourier, projetou o lugar para atender uma utopia de espaço de moradia baseado em cooperativa, integrando estúdios de arte, áreas de lazer abertas para serem compartilhadas e até uma clínica hospitalar.
A fama de boemia, violência, catarse criativa e celebridades aparece como beninga nas fotos de Cohen. São as paredes brancas limpas, mesas simples para escrever, móveis clássicos e de cores fortes que dão poder ao lugar, provocando uma sutil influência sobre cada cômodo.
A renovação do Hotel Chelsea é parte de uma longa lista de mudanças na cidade de Nova York marcadas para acontecer nos próximos anos, incluindo a demolição do Five Pointz – a meca do grafite em Long Island – e o fechamento do CBGB.
Essas reformas urbanas muitas vezes são sentidas como dolorosas perdas tanto para residentes de longa data como para os apegados às histórias que carregam cada pedaço de concreto. Trazendo nostalgia e celebração de outros tempos, onde a rua ainda guardava a maior parte das conversas e conexões, este projeto é uma apropriada e merecida homenagem.