O Código da Vinci *
Comparar adaptações para o cinema de obras literárias, discutindo suas diferenças, nunca leva a lugar nenhum. Todos sabem que são linguagens distintas e por isso mesmo chamamos de “adaptação”. O problema é que, como produto cinematográfico, “O Código da Vinci” é ruim, muito ruim.
Chega a ser constrangedora a forma como o diretor Ron Howard e o roteirista Akiva Goldsman tentam condensar o livro de Dan Brown em pouco mais de duas horas de filme. Duas horas essas, que parecem intermináveis e imensamente cansativas. Olhar no relógio para saber se o filme está acabando, é lembrar que estamos numa sala de concreto olhando para uma tela.
O roteiro é confuso, com temas e fatos que vão sendo salpicados na tela sem ligação aparente. Para quem não leu o livro, a pergunta “porque isso está acontecendo?” permanece durante toda a projeção. Da mesma forma, os personagens são superficiais, parecendo apenas bandidos e mocinhos numa perseguição enfadonha.
Se no livro entendemos a dimensão de cada um deles e estabelecemos um relacionamento com os personagens, nos importando com eles, no filme isso nunca acontece. Felizmente, “O Código da Vinci” fica um pouco mais interessante a cada vez que o (sempre) excelente Ian McKellen aparece em cena (e semana que vem tem Magneto novamente…).
De qualquer forma, uma adaptação cinematográfica não deve depender do conhecimento prévio do material original por parte do público, mesmo que isso sempre enriqueça a experiência. E é por isso que filme de Ron Howard não se sustenta em momento algum, estando fadado a cair no esquecimento caso não fosse as bobagens ditas por fanáticos religiosos.