Bombril peca mais pela alienação dos homens do que por discriminação de gênero

A Bombril teve seu mais recente comercial denunciado no Conar por discriminação de gênero. As queixas, a maioria proveniente de homens, alega que o filme debocha da “figura masculina”, pois Dani Calabresa, Monica Iozzi e Ivete Sangalo afirmam que a mulher é diva na limpeza e o homem é “divagar”.

Em nota à imprensa, a empresa afirma que a campanha foi “desenvolvida para valorizar o protagonismo feminino” e:

“usa uma linguagem bem humorada para ressaltar o valor da mulher na sociedade brasileira e não tem a intenção de ofender os homens ao fazer uma brincadeira com a palavra ‘diva’”.

É bastante comum as pessoas confundirem feminismo com algum tipo de seita que prega a superioridade feminina. Esse parece ter sido o erro da marca, ao enaltecer a mulher e desvalorizar os homens.

Alienando homens das tarefas domésticas, mantemos a mulher presa ao lar impedindo sua plena entrada no mercado de trabalho

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O feminismo é um movimento pela igualdade de direitos e oportunidades entre os gêneros. Ao dizer que as mulheres são muito melhores na faxina, o comercial afasta os homens dessa tarefa e reforça o estereótipo de que elas devem ser as únicas responsáveis pelo cuidado com a casa e com os filhos.

Permitir e incentivar a presença masculina no ambiente doméstico é um passo fundamental para a igualdade de gênero. Em alguns dos países mais igualitários do mundo, homens e mulheres não apenas dividem as tarefas como têm o mesmo tempo de licença maternidade/paternidade. No Brasil, a licença paternidade é de apenas 5 dias corridos e as mulheres ganham em média 32% a menos que os homens.

Ao alienar os homens das tarefas domésticas, estamos mantendo a mulher presa ao lar e impedindo sua plena entrada no mercado de trabalho.

Apesar de tudo isso, as denúncias ao Conar acusam a campanha de ser “opressora aos homens”. Vale lembrar que comparar qualquer opressão sofrida por homens com a opressão sofrida pelas mulheres é uma falsa simetria, já que o gênero feminino é o que foi oprimido historicamente.