- Cultura 1.dez.2015
Jeffrey Brown, o cartunista que ilustrou o dia a dia de Darth Vader como pai
Conversamos com o autor de “Darth Vader e Filho” e “A Princesinha de Vader”
E se Darth Vader tivesse criado os próprios filhos?
Essa é a pergunta que move os livros “Darth Vader e Filho” e “A Princesinha de Vader” (Editora Aleph, 2015), do cartunista Jeffrey Brown. Em quadros ilustrados e super divertidos ele coloca Darth Vader na função de papai galáctico enfrentando situações muito engraçadas e bastante cotidianas.
A ideia do livro surgiu quando Jeffrey Brown foi convidado para desenhar um Google Doodle de Dia dos Pais
A faísca para o projeto surgiu quando Ryan Germick (Google) convidou Jeffrey Brown para desenhar um Google Doodle para o Dia dos Pais. “Meu filho tinha 4 anos na época, então fiz Luke com essa idade e coloquei Vader no meu papel de pai. O Google não usou o conceito, mas eu pude transformar a ideia em um livro completo com a Lucasfilm, que havia gostado o suficiente do desenho para dar luz verde ao projeto”, diz o autor em entrevista para o B9.
Na linha temporal, os livros de tirinhas se passam entre a Nova Trilogia e a Trilogia Clássica, tanto que no início do livro o autor diz que este é o Episódio 3,5. Em cada livro, o relacionamento com um dos filhos é explorado da infância à fase adulta – seja com o Luke brincalhão ou com a Leia briguenta.
Disney e Lucasfilm estiveram envolvidas em cada estágio da criação das tirinhas
Os desenhos super bem feitos, cuja inspiração veio dos storyboards e conceitos criados pelos artistas que trabalharam em “Star Wars” (em especial Ralph Mcquarrie, Joe Johnston e Nilo Rodis-Jamero) casam perfeitamente com as frases ágeis e bem pensadas. Brown bebeu muito da Trilogia Clássica e trouxe para o papel as frases mais icônicas do Lorde Sith, criando uma conexão pessoal com o leitor.
“Eu escrevi os livros pensando que eles seriam direcionados a leitores como eu, que cresceram com Star Wars e agora estão tendo filhos. Fiquei surpreso ao ver como as crianças estão gostando dos livros”, Jeffrey diz. Ele também comenta que muitos pais chegam até ele dizendo que se conectaram com seus filhos através dos livros, e que adultos tiveram momentos incríveis com sua família por conta das mesmas tirinhas.
Os livros são bastante baseados nas próprias experiências de Jeffrey Brown como pai
A essência dos personagens originais foi preservada, tanto que frequentemente nos deparamos com uma Leia rebelde e um Luke sempre pronto para a aventura, mas temos também um Darth Vader mais humano. A maioria das pessoas o coloca como vilão, mas Jeffrey explora a faceta mais humana do Lorde Sith – em parte por ser engraçado pensar nele dessa forma, mas também porque os livros são bastante baseados em suas próprias experiências como pai.
Enquanto crescia, Jeffrey não se perguntava se Darth Vader daria um bom pai, mas imaginava como seriam novas novas batalhas em Hoth, seu planeta favorito nos filmes (“havia muita neve no lugar em que eu cresci”), então é bem provável que esse caminho “alternativo” na história de Vader com Luke e Leia nunca teria surgido sem o convite do Google.
É de se pensar que a Lucasfilm e a Disney limitaram o autor e que ideias possam ter ficado para trás, mas Jeffrey conta que a empresa sempre esteve muito envolvida em cada estágio da criação das tirinhas, aprovando cada passo. Todos estavam na mesma página e as sugestões sempre melhoravam o quadro como um todo.
“Na verdade, nada do que eu precisei mudar, colocar ou tirar me deixou infeliz e eles sempre ouviam meus argumentos quando eu sentia que era a coisa certa a se fazer.” E o que George Lucas achou do resultado de tudo isso? “Imagino que ele tenha gostado, pra me deixar fazer tantos livros assim!”
A chegada do livro no Brasil e novos projetos
Em um país que possui vários grupos da JediCon, que realiza eventos todo ano para reunir fãs da saga em diversos lugares e que agora em 2015 espera ansioso pela estreia de “O Despertar da Força”, Jeffrey Brown chega ao Brasil amparado por uma editora que entende de ficção científica e diz estar feliz com toda a receptividade.
Apenas ter os livros publicados já é um sonho realizado, mas alcançar leitores em todo o mundo e conectar meu amor de infância (Star Wars) com minha carreira e com tantas pessoas incríveis é algo que eu não poderia imaginar. É uma experiência especial.”
A Editora Aleph traduziu os livros no Brasil e manteve o projeto gráfico original do livro: o formato pequeno, quadrado e em capa dura que o torna um gift book perfeito. Mesmo a ficha catalográfica usa uma tipografia mais infantil para entrar no clima da história. A Aleph também traduziu outro livro do autor por aqui, “Academia Jedi”, e deve trazer mais novidades em breve.
Há vários projetos envolvendo Jeffrey Brown que ainda não podem ser abertos, mas o autor comenta a respeito do seu maior desafio no momento: uma série juvenil chamada “Lucy & Andy Neanderthal”, que é uma ficção sobre os homens das cavernas, porém baseada nos estudos científicos mais recentes.
Quando pergunto se ele se lembra da sensação de assistir “Star Wars” pela primeira vez, Jeffrey diz que sim.
Não tanto do primeiro filme, mas eu me lembro de como foi entrar no cinema para assistir O Império Contra Ataca’ pela primeira vez, e como foi incrível”.
A essa altura do campeonato, seus filhos já assistiram a Trilogia Original e Jeffrey planeja levar o mais velho para ver “O Despertar da Força” na estreia. “Se ele tiver metade da boa experiência que eu tive ao ver o filme pela primeira vez, talvez ele queira escrever livros sobre Star Wars um dia!”.
Seria muito legal :)
FICHA TÉCNICA
Título: DARTH VADER E FILHO e A PRINCESINHA DE VADER
Autor: Jeffrey Brown
Tradução: Mateus Duque Erthal
Editora: Aleph
Páginas: 64 p (cada um)
Raquel Moritz é publicitária, publica vídeos e textos sobre literatura no Pipoca Musical e acha que Greedo empurrou o Luke primeiro.