David Bowie foi uma potência criativa do nosso tempo
E dentre tantas outras coisas, reinventou a própria morte
É possível dizer que muita gente que é fã ou no mínimo conhece (todo mundo conhece) David Bowie não foi propriamente apresentado ao trabalho dele. Não foi como aquele amigo ou parente que chega com um disco de vinil ou fita K-7 dizendo: “escuta aí que é bom”.
Bem, pelo menos não foi o meu caso. Bowie sempre esteve aí. Se fez presente na minha vida em muitos momentos e em muitas formas. No rádio, nos discos, na televisão, nos filmes, nos seriados, na moda, no comportamento. Sua influência pode ser sentida por todas as partes, como uma força onipresente que redefiniu o significado da palavra artista.
Nunca foi simplesmente “ouvir Bowie”, como o ato de ligar o toca-disco ou apertar o play em uma música. Sua obra rodeou o nosso cotidiano durante todos esses anos, pois não era uma questão de gostar ou não gostar. Foi assim. E ponto.
David Bowie foi uma das maiores potências criativas do nosso tempo. Tivemos o privilégio de ter dividido essa mesma era com alguém que, verdadeiramente, deixará um legado criativo eterno. Um símbolo de inovação.
Nossos netos e bisnetos conhecerão Bowie da mesma maneira que nós conhecemos Mozart e Beethoven. Um gênio (essa palavra tão saturada, mas a única que faz jus) que deixou a sua marca nas artes e na sociedade de forma indelével.
Reinventou tanto a criatividade e sua própria existência, que hoje nos mostrou a reinvenção da própria morte. Morreu criando, lançando álbum, gravando clipes e nos dando a vã esperança de, quem sabe, em breve, retornar aos palcos.
Bem, agora fica a certeza de que nunca vai acontecer. Pelo menos não na Terra. Quem sabe em Marte.
Como homenagem, trago aqui esse outtake de um dos Braincasts recentes. Foi com “Space Oddity” que várias vezes esquentamos nossas vozes desafinadas antes das gravações, inspirados pelo quadro na parede.
Obrigado, Sir.
Publicado por B9 em Segunda, 11 de janeiro de 2016