Chegou o briefing de Dia da Mulher, e agora?
O que é preciso ter em mente para a sua empresa ou agência participar (com propriedade) dessa data
A essa altura, o briefing de comemoração do Dia da Mulher já deve ter chegado a muitas agências. Como estamos em 2016, todo mundo já deve saber que dar flores e parabéns nessa data não é exatamente a homenagem mais adequada. Muito menos colocar lava-louça em promoção.
Diferente do Dia das Mães, dos Pais e dos Namorados, o Dia da Mulher não é uma data comemorativa: é uma data de luta. Ele foi criado em 1910 no contexto das lutas feministas por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. Em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres.
Mais recentemente, as empresas passaram a ver nesta data uma oportunidade comercial, seja mostrando que valorizam suas funcionárias ou homenageando suas consumidoras. Porém, por falta de repertório, as homenagens acabaram esvaziadas do significado da data.
O Dia da Mulher não é uma data comemorativa: é uma data de luta.
Não faz sentido das parabéns às mulheres apenas por serem mulheres: essa não foi exatamente uma escolha nossa. E, se pensarmos que uma mulher morre a cada 90 minutos no Brasil vítima de feminicídio, as flores talvez fizessem mais sentido em coroas fúnebres.
Com isso em mente, como a sua empresa ou agência pode participar dessa data?
O primeiro passo é olhar para dentro e se perguntar: o que eu estou fazendo para promover a igualdade de gêneros? Tenho mulheres em postos de liderança? Pago os mesmos salários para homens e mulheres que fazem o mesmo trabalho? Meu ambiente de trabalho é seguro para as mulheres?
Se a resposta for negativa, uma ótima ação para ser lançada no Dia da Mulher é uma revisão das políticas da empresa. Pode ser um programa de coaching para que as mulheres cheguem aos lugares de poder, pode ser um treinamento para que os homens aprendam a dar oportunidades e voz às colegas, uma campanha de conscientização sobre assédio moral e sexual. Só não vale deixar flores e um cartão com “parabéns” na mesa das moças, que isso não vai resolver nada.
Agora, se a sua empresa não tem nenhum telhado de vidro e quer fazer uma campanha de Dia da Mulher, utilizando esta data como forma de se aproximar do público feminino, o caminho é relembrar o significado deste dia. As campanhas devem passar necessariamente pelas lutas feministas e, de preferência, longe de qualquer apelo comercial. Afinal, nenhuma marca quer passar por oportunista, certo?
Ajuda muito se você conseguir dar visibilidade às mulheres invisíveis: as negras, as gordas, as lésbicas, as trans, as idosas e as mulheres de periferia, por exemplo.
Nesta data, muitos coletivos e organizações farão ações e eventos e estão em busca de patrocínio. Sua marca ganha ainda mais pontos de credibilidade ao se associar a estas entidades e ajudar as ações e eventos a acontecerem.
Uma empresa se associar ao Dia da Mulher sempre será um assunto sensível, já que é se apropriar de um momento importante para os movimentos sociais. Mas, com respeito ao significado da data, é possível usar a voz da sua marca para amplificar as mensagens e reivindicações de quem luta pelos direitos das mulheres todos os dias.